sábado, 29 de dezembro de 2007

Proposta de Lei sobre Segurança Social dos Profissionais de Espectáculos



A Plateia - Associação de Profissionais das Artes Cénicas, a GDA - Gestão dos Direitos dos Artistas Intérpretes ou Executantes e o CIJE/FDUP - Centro de Investigação Jurídico-Económica da Faculdade de Direito da Universidade do Porto apresentaram uma proposta de lei sobre o Regime Especial de Segurança Social dos Profissionais de Espectáculos e Audiovisual e Pessoal Técnico e Auxiliar que segue a experiência de vários países da União Europeia nomeadamente no cálculo das contribuições em função do rendimento efectivamente auferido e na consideração das especificidades do sector como a alternância de períodos de actividade e inactividade, os vínculos de curta duração, a multiplicidade de empregadores e o trabalho intensivo.

A equipa de investigação foi constituída por Profª Doutora Glória Teixeira (FDUP/CIJE), Licenciado Sérgio Silva (FDUP), em parceria com PLATEIA e GDA, com contributos do International Bureau for Fiscal Documentation (IBFD), Amesterdão, Joanna Wheeler e René Offermanns, Nina Aguiar (Doutorada, Universidade de Salamanca), Sara Kijjoa, (LL.M., Advogada), Reino Unido, Carlos Costa (PLATEIA), Suzana Borges (GDA) e ainda dos profissionais do sector Ângela Marques, Luís Ribeiro, Marina Freitas, Pedro Maia e Joclécio Azevedo.

Trata-se de um trabalho de investigação na área do direito da segurança social dos profissionais de espectáculos e audiovisual e pessoal técnico e auxiliar, tanto na sua perspectiva interna como na perspectiva de direito comparado, tendo-se analisado várias experiências europeias, nomeadamente as experiências Espanhola, Holandesa e Belga.

Este trabalho insere-se na lógica e princípios subjacentes à recentemente aprovada Lei de Bases da Segurança Social, não deixando todavia de tomar em consideração, nos casos e situações devidamente justificados e fundamentados, as especificidades de determinadas actividades ou profissões que, pelo seu carácter intensivo, exigem um tratamento jurídico diferenciado ao nível da segurança social, de forma a serem equiparados ou não discriminados negativamente face aos restantes trabalhadores.

São portanto razões constitucionais e legais de justiça, igualdade e equidade que fundamentam e justificam a aplicação de um regime especial de segurança social a este tipo de profissionais. Na grande maioria das situações, o trabalho deste tipo de profissionais é de tipo intensivo e intermitente, características laborais estas que não são de tipo esporádico mas antes assumem um carácter permanente ao longo da carreira contributiva destes trabalhadores.

Conclui-se deste trabalho de investigação, e fundamentado também em experiências comparadas que possuem regimes especiais de segurança social, a necessidade de um regime especial de segurança social que tome em consideração o tipo de trabalho subjacente bem como as condições em que é exercida a actividade artística em Portugal.

A Proposta de lei está disponível em http://www.plateia.info/

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Exposição Um Teatro Sem Teatro


Onde se cruza o teatro com as artes visuais? Um Teatro Sem Teatro mostra a produção artística que reflecte a arte performativa, desde o início do século XX. Até 17 de Fevereiro no Museu Colecção Berardo, em Lisboa.Uma co-produção com o MACBA - Museu d'Arte Contemporani de Barcelona, a exposição, comissariada por Bernard Blistène e Yann Chateigné (com a colaboração de Pedro G. Romero), junta obras de arte que investigam a linguagem teatral em quatro núcleos: o Anti-teatro (do movimento DADA ao movimento Fluxus); o Homem-actor (passando por Antonin Artaud, Tadeus Kantor e a arte californiana dos anos 60 e 70); Para além do Minimalismo (abordando o Futurismo e o Situacionismo); terminando com obras de Dan Graham e James Coleman, em jeito de epílogo.

Um Teatro Sem Teatro segue duas linhas fundamentais - obras e autores que tomam a performance como parte central do seu trabalho e peças que lidam com noções novas de espaço e a nossa própria relação e interacção como espectadores e/ou parte integrante da própria criação.


[+] info
Exposição Um Teatro Sem Teatro
Até 17 de Fevereiro 2008
Museu Colecção Berardo
Praça do Império - Centro Cultural de Belém
Segunda, terça, quarta, quinta, sábado e domingo
das 10h00 às 19h00 (última admissão às 18h30)
Sexta das 10h00 às 22h00 (última admissão às 21h30)
3€; 1,5€ (Estudantes, +65); Grátis (até aos 18; à sexta a partir das 18h e Domingos até às 14h)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

30 por Noite | Novos projectos teatrais do Porto


Teatro Carlos Alberto [4 | 12 Janeiro 2008]

30 por Noite Novos projectos teatrais do Porto

comissário Hélder Sousa
produção TNSJ

Alegremente inspirado no desprezo autárquico por espectáculos a que assistem “duas ou três dezenas de pessoas”, a mostra 30 por Noite resgata da sombra um conjunto de cinco projectos teatrais desenvolvidos por jovens criadores do Porto, boa parte dos quais com idades inferiores a 30 anos. A escolha recaiu sobre as companhias Estufa, Primeiro Andar, Teatro do Frio, Teatro Meia Volta e Depois à Esquerda Quando eu Disser e Mau Artista, grupos da cidade que, tendo já nascido no cenário em desagregação do pós-Porto 2001, vêm demonstrando maior (in)consequência artística e uma crescente exigência de profissionalização. Aos espectáculos somem-se ainda a instalação enigmaticamente intitulada Está Cá Alguém?, debates sobre os objectos artísticos gerados por estas estruturas “alternativas” de produção teatral, e um desopilante concerto de encerramento dos Mimicalkix. Evocando ao longo de uma semana intensiva o doce prazer de se ser minoritário, 30 por Noite traz para o palco do TeCA aqueles que trabalham para 30 espectadores com o mesmíssimo empenho daqueles que o fazem para uma plateia de 300 ou 3000. Juventude em marcha!

30 Por Noite, todos os dias! por Helder Sousa

30 Por Noite é um ciclo de programação dedicado a uma geração de fazedores de teatroda cidade do Porto que ainda não estão integrados, por razões diversas, nos circuitos“oficiais” de profissionalização (nem por eles canibalizados!). Da quase dezena de estruturas mais ou menos informais que circulam na cidade – constituídas por pessoas formadas em diversas escolas –, sobrevivendo à custa de trabalhos temporários, paralelos e instáveis, e que, mesmo assim, produzem espectáculos com regularidade, associamo-nos às que demonstraram alguma originalidade profissional e que mais rápidas foram em corresponder aos nossos impulsos de solidariedade.
Na veleidade de podermos ser um parceiro profissional destas estruturas, apresentamos esta intensa semana de actividade, que, se quisermos um rótulo geracional, é o fruto das tentativas de criação de um tecido profissional pós-2001.
Durante uma semana queremos discutir e reflectir sobre a diversidade de percursos, seja ao nível dos próprios métodos de criação e dos objectos artísticos daí resultantes, seja ao nível dos processos de produção e de distribuição de cada uma destas estruturas, revelando as particularidades desta geração que vive ainda sem a segurança, eventualmente corporativa, de um financiamento estável.
O TeCA abre as portas não só aos espectáculos de Teatro como a outras actividades (uma ocupação, um concerto e duas conferências) que legitimem o direito e a inevitabilidade destas práticas minoritárias! 30 Por Noite, ou mesmo menos, a qualquer hora do dia.

Programa

[4 | 12]
terça-feira a domingo 14:00-19:00 (ou até às 24:00, nos dias em que há espectáculos em exibição)
Está Cá Alguém?
uma ocupação de Catarina Felgueiras, Rodrigo Areias, Rui Lima, Sérgio Martins, Susete Rebelo

[8 + 9]

terça-feira 22:00 quarta-feira 19:00
Estreia Absoluta Sicrano
dramaturgia e encenação Miguel Cabral

[9 + 10 + 12]

quarta-feira 15:00 quinta-feira 11:00 sábado 19:00
Diz que Diz
baseado no texto Como Quem Diz, de António Torrado
adaptação dramatúrgica, criação e interpretação Catarina Lacerda, Rodrigo Malvar, Rosário Costa

[9 + 10]

quarta-feira 23:00 quinta-feira 22:00
Vertigem
dramaturgia e direcção José Nunes

[10 + 11]

quinta-feira 19:00 sexta-feira 22:00
Confissões de um Carrasco na Hora de Ir Para a Cama
texto e encenação Nuno Preto

[11 + 12]
sexta-feira 19:00 sábado 22:00
O Nome das Ruas
direcção artística Alfredo Martins

[12]
sábado
Debates
Fábricas de Cultura
12:00
conferência de Joana Oliveira

Plenário 30 Por Noite
15:00
conversa moderada por Tiago Bartolomeu Costa

[12]
sábado 24:00
Concerto Mimicalkix

+ Info:
TeCA
Rua das Oliveiras , 43
4050-449 Porto
T.: 351 223 401 910
F.: 351 222 088 303
E.: geral@tnsj.pt
W.: www.tnsj.pt

Bob Wilson encena Ibsen em Sevilha


LA MUJER DE MAR (Lady from the Sea) de Henrik Ibsen com direcção de Robert Wilson estreia em 12 de Março no Teatro Lope de Vega de Sevilla.

Henrik Ibsen (A Casa da Boneca, Peer Gynt, etc.) escreveu A DAMA DO MAR em 1888. Susan Sontag é a autora da adaptação deste clássico para Robert Wilson, uma exploração actual da história de Ellida, uma mulher que viveu os seus primeiros anos em grande liberdade pessoal junto ao bravio mar da Noruega com seu pai, depois da morte do qual se casou com um viúvo com duas filhas, sentindo-se presa e longe do mar.

A música de Michael Galasso é a base de uma paisagem sonora que junta adaptações do folclore escandinavo, seu próprio violino, sons do mar, gritos de gaivota.

Seis actores interpretam esta história escrita há quase cem anos na Noruega. Foi montada na Coreia por uma companhia e actores coreanos, sendo a primeira encenação de Robert Wilson vista naquele país. Obteria um assinalável êxito no Festival de Seul.

A versão espanhola é protagonizada pela actriz Cayetana Guillen Cuervo.

Com guarda-roupa de Giorgio Armani que reflete as várias tonalidades do mar e uma cenografia simples, de madeira, lembrando a coberta de um barco, onde as mudanças de cena são marcadas apenas por uma tela em forma de vela e por mudanças de luz, Bob Wilson criou uma obra que enche o teatro do anseio de Ellida pelo mar.

LA MUJER DEL MAR
Texto de Susan Sontag baseado na obra de Henrik Ibsen
Tradução de Jaroslaw Anders
Concepção, desenho e direcção de Robert Wilson
Música de Michael Galasso
Guarda-roupa de Giorgio Armani
Desenho de Luz de A. J. Weissbard e Robert Wilson

Teatro Lope de Veja – Sevilha – de 12 de Março a 15 de Março
Co-produção Teatro Lope de Veja
Em Espanha este espectáculo é uma distribuição Elsinor.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Boas Festas e Feliz 2008


O FITEI deseja a todos um bom Natal e um feliz Ano Novo.

Em 2008, o Festival decorre entre 27 de Maio a 7 de Junho, onde artistas e criadores de diferentes nacionalidades partilham palcos na cidade do Porto.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

OBSCENA #8 já disponível


O último número do ano da OBSCENA #8 prossegue com o dossier sobre políticas culturais que têm vindo a apresentar desde Setembro. Nesta edição, André Dourado, Catarina Vaz Pinto, Cristina Peres, Jorge Salavisa, Maria José Stock e Miguel Abreu falam sobre a existência ou não de uma política para a cultura em Portugal.

O mesmo dossier inclui o balanço do encontro Teatro Europa, organizado pelo Teatro Nacional S. João, no início do mês de Dezembro, e ainda contributos de Adolfo Mesquita Nunes, Nuno Grande e André Dourado.

As relações entre o Hiv/Sida e a criação artística é outro tema em destaque na OBSCENA #08, que inclui reflexões de Thomas Hahn e Gérard Mayen sobre o que a dança fez à sida, e a sida fez à dança, bem como olhares sobre o trabalho dos coreógrafos Dominique Bagouet, Raimund Hoghe e Bill T. Jones, e dos encenadores Arianne Mnouchkine, Krzystof Warlikowsky e Reza Abdoh.

Antecipando a a apresentação em Lisboa de O Avarento ou a última festa, a Revista traça o perfil de dramatúrgico de José Maria Vieira Mendes.

Esta edição apresenta entrevistas com os coreógrafos Alain Buffard, Claudia Triozzi e Vera Mantero, a propósito da peça (Not) a love song, de Buffard; Catarina Botelho, prémio Bes Photo Revelação 2007; e a publicação da segunda parte do ensaio Indústrias Criativas, de Bruno Vasconcelos, Gustavo Sugahara, Miguel Magalhães e Pedro Costa.

A OBSCENA acolhe um novo cronista, o ensaísta e programador António Pinto Ribeiro que, a partir de agora, nos dará conta de viagens, referências e perspectivas, num espaço intitulado A Face Oculta, para além das crónicas habituais de Mónica Guerreiro e Eugénia Vasques.

A revista regressa no final de Janeiro para uma edição especial de aniversário.

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Isto não é um concurso


Em Julho de 2008, os Artistas Unidos voltarão a estar no Instituto Franco-Português, em Lisboa. Com um novo projecto. A que chamaram Isto Não é Um Concurso . E serão três peças inéditas que irão escolher entre as que enviarem para o grupo.

ISTO NÃO É UM CONCURSO – TRÊS PEÇAS PARA OS ARTISTAS UNIDOS

Segundo os Artistas Unidos, “não, não é um concurso, é só uma hipótese. Não, não queremos concorrência, nem competitividade, nem empurrões uns aos outros. Queremos peças de teatro que possamos fazer. De pessoas que conhecemos ou que não conhecemos. Pode ser que não sejam boas, nem extraordinárias, pode ser que sejam más, até - queremos três peças. Que tenham voz própria. Que sejam únicas. Frágeis, fortes, conseguidas, por acabar, por resolver, com interesse para nós. E para estrear em Julho de 2008. Não é para fazer leituras, forma barata de se dizer que se faz qualquer coisa, não: é mesmo para estrear, com cenário, actores, pano de boca até se for preciso. Escolheremos três. O que não quer dizer que seja um concurso. Até pode acontecer que não possamos fazer, por razões de elenco ou de cenografia, aquelas que mais nos interessariam para o nosso repertório. Mas faremos três peças de autores nunca representados. E esperamos que no-las enviem. A partir de agora, por mail ou pelo correio. Até fim de Dezembro de 2007. Não é preciso pseudónimo, nem envelope lacrado, isto não é um concurso. Entraremos em contacto convosco até meados de Fevereiro de 2008. E começaremos a ensaiar três peças em meados de Abril. Para estrear a partir de 5 de Julho. No Instituto Franco-Português. E depois veremos. Se as prolongamos, se as fazemos em digressão, logo se verá. Serão as que acharmos que podemos fazer bem, as mais perto de nós. Porque isto não é um concurso, é só uma hipótese."

O textos deverão ser enviados para:
Rua da Bempostinha 19B, 1150-065 Lisboa

ou por mail para abento@artistasunidos.pt

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Companhia argentina em Madrid




A companhia argentina Buendía Teatro apresenta em Madrid, na Sala Cuarta Pared “LLegé para irme” em Dezembro e Janeiro.

O tema de “Llegué par irme” é o stress que vivemos nestes tempos modernos, de um homem que circula sem saída, um clown, que se for examinado de perto revela o trágico da nossa modernidade actual. Correr, partir, viajar, nunca descansar, não ter tempo para pensar. Estar em permanente stress de viagem sem nunca disfrutar de si próprio. Descer de um avião para apanhar um comboio, apanhar um táxi para chegar a casa esgotado. Ler o seu correio, escutar as suas mensagens, esvaziar o frigorífico, tentar dormir e rapidamente partir, estar eternamente deslocalizado. No cansaço da noite perceber o fantasma do pai morto, sentir o amor perdido, ver o tempo passar.

Nesta obra clownesca, Gabriel Chamé Buendía e Alain Gautré denunciam o stress da vida quotidiana, uma estrada sem fim para escapar à solidão. Duro, mas cómico.

Direcção e dramaturgia: Alain Gautré e Gabriel Chamé Buendía


Companhia Buendía Teatro (Argentina)


Estreia 26 de Dezembro


Dias 26, 27, 28, 29 e 30 de Dezembro e 2, 3, 4 e 6 de Janeiro – 20.30h.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mímica e teatro físico

Em Março de 2005, Luis Louis inaugurou, no Brasil, cidade de S. Paulo, o seu estúdio de Mímica e Teatro Físico, onde desenvolve os trabalhos de sua companhia e coordena o Núcleo de Pesquisa e Criação.

Entre 14 e 18 de Janeiro de 2008 organiza uma Jornada Intensiva do Actor-Criador.

Seguindo um roteiro especialmente planeado para fortalecer o trabalho do actor-criador, Luis Louis, Silvana Abreu e Luiz Fuganti criaram esta jornada que passa por várias dimensões do trabalho criativo.

São três cursos integrados num processo intensivo de fortalecimento do corpo/pensamento, da técnica e da atitude do actor como artista criador autónomo e inserido no seu espaço social e humano.

O programa inclui:

Mímica Total e Teatro Físico, com Luis Louis
Afirmação da Potência do Actor-Criador, com Silvana Abreu
Filosofia – A Arte e o Problema da Expressão, com Luiz Fuganti

Período: de 14 a 18 de Janeiro de 2008 - Segunda a Sexta, das 15:30 às 22:00 h.

Participantes: Actores, bailarinos, clowns, performers e estudantes destas áreas.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Teatro de papel: “Convidado de pedra” em Madrid



“Convidado de pedra” a partir de "El burlador de Sevilla" de Tirso de Molina com direcção de Marcelo Lafontana, criação da companhia Teatro de Formas Animadas, de Vila do Conde, em co-produção com o Teatro Nacional de S. João, está a fazer uma temporada no Teatro La Abadia em Madrid, entre 12 e 30 de Dezembro.

Um teatrinho de papel com figuras recortadas, que mexem braços e pernas. Uns cenários em perspectiva de mares bravios, palácios e um cemitério. E uma antiga história de amores e morte.

A partir do texto original de Tirso de Molina (1630), com tradução de José Coutinhas e encenação de Marcelo Lafontana, a peça constitui um projecto nómada e portátil, visando a conquista de novos públicos, a integração de novas linguagens e sugerindo o acesso do espectador a outros espectáculos teatrais. Este curioso armário barroco, espécie de contentor miniaturizado do modelo arquitectónico e programático do TNSJ, vocacionado para a itinerância, cumpre assim a sua função de descentralização ao percorrer os palcos nacionais e internacionais.

D.João, inveterado sedutor, conquista as mulheres, faz amor com elas e abandona-as logo após. Mulheres, sempre mulheres, num apetite insaciável de enganador-coleccionador. Plebeias e nobres. Uma destas descobre o logro (D.João faz-se passar pelo seu apaixonado primo). O pai acorre para vingar a honra perdida da filha. D.João, tão exímio na arte do duelo como na da conquista, mata o pai da seduzida. Um dia, a estátua de pedra que encima o sepulcro do nobre senhor anima-se... É o fantasma, o revenant, o pai da donzela que vem do outro mundo, pela vingança, buscar o sedutor e o vai arrastar para o inferno como anunciam, à maneira dos coros trágicos, os músicos da companhia:

"E que o devedor não pense
que Deus castigo não traga;
o prazo sempre se vence
e a conta sempre se paga."

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Boca de Cena: Teatro-Jantar


Os cinco sentidos servidos à mesa para assinalar o vigésimo aniversário do Teatro de Marionetas do Porto (TMP), percurso iniciado com a histórica apresentação de Miséria (1988) na cidade francesa de Charleville-Mézières, capital mundial da marioneta. Em Boca de Cena: Teatro-Jantar, o teatro “com” marionetas descobre afinidades insuspeitas com a gastronomia, Artaud confraterniza com Pantagruel, o palco converte-se num muito performativo menu de degustação, os actores/garçons convivem de perto, muito perto, com os espectadores/comensais e a música electrónica contemporânea harmoniza-se com lieds de Schubert. Tudo isto poderia resultar num brinde à saúde do TMP, numa festiva revisão da matéria dada, mas João Paulo Seara Cardoso torce o pescoço à efeméride e arrisca uma originalíssima montagem de acontecimentos imprevistos, radicalizando as marcas distintivas de um projecto que se foi reinventando na fronteira de muitas linguagens artísticas e onde “poesia” rima quase sempre com “anarquia”. Cozinha e teatro de fusão para celebrar o passado com todos os sentidos postos no futuro. Como quem afirma que o melhor ainda está por vir. Cheers!

"Eu encaro o teatro numa perspectiva mais performativa e, se quisermos, política. Talvez aquilo a que eu reaja mais seja à sobrevivência de um certo naturalismo ou de um teatro apolítico e inócuo que não forma massas críticas. Um teatro que “não perturba os nossos sentidos”, como dizia Artaud."
JOÃO PAULO SEARA CARDOSO – Em entrevista concedida a Paulo Eduardo Carvalho e Isabel Alves Costa. Sinais de Cena. N.º 4 (Dez. 2005).

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Sopa trágica
Espetada de vegetais baby
Arroz exótico em cama de abacaxi
Delícia de frutos suspensos
Bolo da Paixão
Café

Preço único 20€ (5€ bilhete + 15€ jantar)

Mosteiro de São Bento da Vitória
[14 - 22 Dezembro 2007]
[2 - 27 Janeiro 2008]


Terça-feira a Domingo 21:00

Boca de Cena: Teatro-Jantar
Uma criação Teatro de Marionetas do Porto

Cenografia e encenação João Paulo Seara Cardoso
Marionetas e figurinos Júlio Vanzeler
Texto Anselmo Pires
Coordenação coreográfica Isabel Barros
Desenho de luz António Real, Rui Pedro Rodrigues
Sonoplastia Dominique Poquelin
Interpretação Edgard Fernandes, Jaime C. Soares, Sara Henriques, Shirley Resende, Sérgio Rolo
Garçonette Juliana Ferreira
Garçon Miguel Santos

Produção Teatro de Marionetas do Porto
Classificação etária: Para Maiores de 16 anos

Duração aproximada [2:00]

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Shopping and fucking


Depois de ter estreado no CCB, “Foder e ir às compras (Shopping and fucking)” de Mark Ravenhill na versão portuguesa de Ana Bigotte Vieira e encenação de Gonçalo Amorim, volta à cena, desta feita no Teatro da Politécnica, entre 7 e 17 de Dezembro.

Carla Maciel, Carloto Cotta, Pedro Carmo, Pedro Gil e Romeu Costa são os actores desta “oportunidade de reflectir sobre a sociedade de consumo, a globalização, a violência e o corpo, questões que definitivamente se instalaram na sociedade portuguesa e nas artes. Esta sedutora combinação de palavras aponta para dois planos políticos que se entrecruzam e tecem a peça: um check-up à sociedade de consumo e uma sensibilidade extrema quanto à dinâmica das relações. Os personagens compram-se uns aos outros, tentam não ter dependências afectivas e usar o dinheiro como anestesia; comprar é um profilático para o desejo, para no limite se tornar explícito que não dá. Não funciona. E no entanto vai funcionando”.

“Acho que todos precisamos de histórias, nós inventamos histórias para nos aguentarmos. E penso que há muito tempo havia grandes histórias. Histórias tão grandes que podias viver a vida toda nelas. (...) Mas todas elas morreram ou o mundo cresceu ou ficou senil ou nos esquecemos, e então agora estamos todos a fazer as nossas próprias histórias. Pequenas histórias. O que acontece de diferentes maneiras. Mas cada um tem uma.”
Mark Ravenhill, (fala de Robbie)

Mark Ravenhill nasceu a 7 de Junho de 1966 em Haywards Heath, West Sussex (Inglaterra). Estudou Literatura Dramática e Inglês na Universidade de Bristol. Trabalhou como assistente administrativo no Soho Theatre e mais tarde como professor e encenador. Estreou-se como dramaturgo em 1995, com uma peça curta intitulada “Fist”. Mas seria com “Shopping and Fucking” (1996) que ganharia notoriedade: estreada inicialmente no Royal Court, acabaria por fazer digressão a nível nacional e seria finalmente transferida para o West End. Seguiram-se “Faust is Dead” (1997), “Handbag” (1998), “Some Explicit Polaroids” (1999) “Mother Clap’s Molly House” (2001), “Totally Over You” (2003) e, mais recentemente, “Citizenship”, “The Cut” e “Product” (todas de 2005).

A sua obra tem contado com diversas montagens em Portugal. Ainda este ano, a companhia portuense Assédio produziu “Produto” e no ano anterior “O Corte”, que integrou a programação oficial do XXX FITEI. Este “Shopping and Fucking” já foi encenado por duas vezes: em 1999 pelo Teatro Plástico, também do Porto, com encenação de António Pires e em 2006 por Metamorfose Total. Em 2003, a Companhia de Teatro de Braga montou “Algumas Polaróides Explícitas” com encenação de Manuel Guede Oliva e, em 2005, Metamorfose Total apresentou “Fausto Morreu”. “Cidadania” integrou o projecto “Panos” na Culturgest.

Na versão original inglesa já foram vistos “Some Explicit Polaroids” no 2º P.O.N.T.I., em 1999 e “Produt” na Culturgest, em 2006, com o próprio Mark Ravenhill como actor.

Ficha Artística

Mark Ravenhill
Texto
Ana Bigotte Vieira Tradução
Gonçalo Amorim Direcção Artística e Encenação
Carla Maciel, Carloto Cotta, Pedro Carmo, Pedro Gil e Romeu Costa Interpretação
Rita Abreu Espaço Cénico
Ana Limpinho e Maria João Castelo Adereços e Figurinos
Sérgio Milhano Sonoplastia
José Manuel Rodrigues Desenho de Luz
Andreia Carneiro Assistência de produção
Mafalda Gouveia Direcção de Produção

Co-Produção Primeiros Sintomas / CCB

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O balleteatro apresenta: "algumas cenas de HAMELIN"


De >> Juan Mayorga
Direcção de >> Luís Mestre
Um projecto com os alunos do 3º ano do Curso de Teatro do Balleteatro Escola Profissional

13 Dez. | 13h00 às 19h00
14 Dez. | 14h00 às 21h00

Balleteatro Ribeira
Rua Infante D. Henrique, 30
4050-297 Porto

Algumas cenas de HAMELIN

Às vezes ouvimos um som aos nossos pés, ou entre as sombras, e temos medo que os ratos já aqui estejam, entre nós. Agora que éramos tão felizes.
Às vezes ouvimos nas nossas costas o som daquela flauta e dá-nos medo de nos voltarmos e reconhecermos os olhos do flautista. E corremos para os quartos dos nossos filhos para ver se ainda ali estão.
Às vezes tememos que o “Era uma vez” nos alcance como uma língua negra. E que, como uma profecia, cumpra o conto em nós.
Nas versões mais antigas do conto, as crianças nunca voltam a Hamelin. O flautista leva-os para sempre com a formosa música da sua flauta. Arrebatando os filhos inocentes, o flautista outorga à culpa dos pais o mais cruel dos castigos.
Também este Hamelin é um conto sobre a culpa dos adultos e o seu castigo. Sobre as crianças de uma cidade que não sabe protegê-los. Sobre um menino e os seus inimigos. Sobre o ruído que o rodeia e o medo que nos olha.

Juan Mayorga

Ficha técnica
Direcção >> Luís Mestre
Intérpretes >> alunos do 2º ano do Curso de Teatro do balleteatro escola profissional: Alexandre Ferreira, Ana Filipa Costas, Ana Sampaio Maia, Carlos Ivo Silva, Diogo Lopes, Fábio Pereira, Joana Ferreira, Jorge Cunha, Maria Ana Martinho, Ricardo Macedo, Ricardo Teixeira, Rita Morais, Rui Santos.
Produção: balleteatro

Informações
T: 225 508 918
F: 225 508 919
E-mail: producao@balleteatro.pt
www.balleteatro.pt

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Turismo Infinito até 17 Dez. no TNSJ

de >> António M. Feijó
a partir de textos de >> Fernando Pessoa
encenação >> Ricardo Pais
[7] a 17 de Dezembro
Teatro Nacional S. João
ter-sáb 21:30 dom (dia 9) 19:00 dom (dia 16) 16:00

Fotografia: © DR

A cena figura uma mente particular, a de Fernando Pessoa. Sendo-nos dado o privilégio de estar presentes, ouvimos e vemos uma sucessão de vozes e personagens, organizada em blocos de textos.

Um primeiro bloco pertence a Bernardo Soares e a Álvaro de Campos. Guarda-livros na Rua dos Douradores em Lisboa, Soares é Pessoa por defeito, um ininterrupto devaneio; Campos, engenheiro naval, é Pessoa por excesso, a exuberância que este não se permitiu ter (e também um censor selvagem
de si mesmo e dos outros).

Segue-se uma transição com a carta da corcundinha ao serralheiro, em que a autora descreve a sós um tipo particular de pobreza.

No segundo longo bloco os autores são Álvaro de Campos e “Fernando Pessoa”. Os textos descrevem experiências divididas (no caso de “Pessoa”, aqui na sua fase dita “interseccionista”, duas experiências diferentes cruzam-se no mesmo texto, uma paisagem e um porto de mar, por exemplo; no caso de Campos, perfilam-se poemas sobre viagens e sobre a experiência cindida do viajante).

Uma transição liga autobiografia e criação poética. A correspondência Pessoa/Ofélia Queirós exemplifica-a.

O terceiro bloco exibe o resultado sádico dos impasses descritos nos textos anteriores, bem como diversas tentativas de os reparar. Esse esforço de reparação parece ineficaz, pois muitas vezes redunda numa contracção sentimental do sujeito.

O epílogo introduz Alberto Caeiro, em quem Pessoa via a resolução olímpica dessas tensões interiores insanáveis. Esta resolução é, todavia, momentânea, sendo, de facto, um epitáfio.

Ficha técnica
de >> António M. Feijó
a partir de textos de >> Fernando Pessoa
e três cartas de >> Ofélia Queirós

encenação >> Ricardo Pais
com a colaboração de >> Nuno M Cardoso
dispositivo cénico >> Manuel Aires Mateus
figurinos >> Bernardo Monteiro
desenho de luz >> Nuno Meira
sonoplastia >> Francisco Leal
voz e elocução >> João Henriques
interpretação >> João Reis, Emília Silvestre, Pedro Almendra, José Eduardo Silva, Luís Araújo produção >> TNSJ

duração aproximada [1:30] sem intervalo
classificação etária >> Maiores de 12 anos

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A Noite da Iguana

Em cena de 28 de Novembro a 9 de Dezembro no Teatro do Bolhão, no Porto, A Noite da Iguana, co-produção do Teatro do Bolhão e do Teatro Maria Matos, é estreia em Portugal do emblemático texto de Tenesse Williams e integra um ciclo de espectáculos produzidos pelo Teatro do Bolhão, com base em textos contemporâneos de forte pendor realista e que se constituem como “pretextos” paradigmáticos para o trabalho dos intérpretes, ciclo que já incluiu “Quem tem medo de Virgínia Wolf?”.

Um ex-pastor e uma desenhadora à beira do precipício. Duas solidões que se tornam almas gémeas dentro do universo céptico e pessimista de Tennessee Williams.

Um ex-pastor religioso, que agora trabalha como guia turístico, está doente a todos os níveis: afundado no álcool, com maleitas físicas e mentais, procura expiar os seus pecados, com vista à purificação que lhe permita voltar ao púlpito. Refugiado num motel de quinta categoria, conhece uma desenhadora, tão perturbada quanto ele, com quem vai partilhar experiências e confidências. Mas, à medida que se conhecem e que partilham as suas mágoas, os dois lançam-se num profundo desespero, com histórias cheias de contradições que levam o espectador a aprofundar as razões e motivações da mente humana.

Este espectáculo faz regressar aos palcos do Porto a actriz Estrela Novais, cidade que a viu nascer para o teatro e onde, para além da sua carreira de actriz, ficou ligada ao aparecimento da companhia Seiva Trupe e, mais tarde, do FITEI.

A Noite da Iguana conta também com interpretações de António Capelo, Sandra Salomé, José Pinto, Romi Soares, Carlos Peixoto, Hélio Sequeira, Nídia Fonseca Pedro Damião e Silvano Marques. A encenação é de João Paulo Costa.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

França condecora Ricardo Pais com a comenda de Cavaleiro das Artes e das Letras


O Ministério da Cultura francês vai condecorar o encenador Ricardo Pais, director do Teatro Nacional de S. João (TNSJ), com a comenda de Chevalier des Arts et des Lettres (Cavaleiro das Artes e das Letras), anunciou hoje, no Porto, fonte diplomática.

A condecoração será entregue dia 15, às 23:00, no Salão Nobre do TNSJ, a seguir à apresentação do espectáculo "Turismo Infinito", de António M. Feijó, com encenação do próprio Ricardo Pais.

"Com esta condecoração, a França quis recompensar um dos mais criativos encenadores europeus, cujas obras nos campos do teatro e do espectáculo musical (...) têm sido aplaudidas pelo público francês e saudadas pela crítica", afirmou a mesma fonte.

A comenda distingue também "o artista e o intelectual que tem contribuído para a construção de um espaço cultural europeu, empenhando-se na constituição e actividades da União dos Teatros da Europa, e na criação de relações fortes de cooperação com várias companhias de teatro francesas, tais como a Compagnie Jerôme Deschamps ou a Comédie de Reims".

Fonte: Lusa

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Cartaz do 30º FITEI recebe Prémio Nacional de Design


Os designers Pedro Mesquita e Pedro Serrão, do atelier This is Pacifica, foram galardoados no passado dia 30 de Novembro, com o Prémio para melhor cartaz 2007 com a imagem gráfica desenvolvida para o 30º FITEI, prémio atribuído no âmbito da 10ª edição do Prémio Design Briefing.

Para além do Prémio, a This is Pacifica foi distinguida com uma Menção Honrosa com o projecto global «Suicídio Encomendado» para a FBF Filmes.

Na lista dos mais premiados este ano, encontram-se a DNA e Mola, que consagraram-se como as grandes vencedoras da edição deste ano e a Musa Work Lab, que conquistou dois prémios. Com um prémio conquistado, encontram-se a Brandia Central, a Silva Designers, a Pop Concept, Valdemar Lamego, a Wiz, a Ogilvy Design, a 004 Actividades Culturais, e a JWT. No total, esta edição entregou dois Grandes Prémios, 16 prémios de categoria, e quatro menções honrosas. (ver quadro). Doze foi o número de empresas premiadas. Na edição de 2006, recorde-se, os prémios maiores do concurso - Atelier do Ano e Grande Prémio - ficaram ambas nas mãos da Brandia Central.

No ano em que celebra a realização da sua décima edição, o Prémio Design Briefing registou um total de 271 trabalhos em concurso, inscritos por 63 participantes, e distribuídos por 18 competições. Das 271 inscrições iniciais, chegaram à shortlist 79 trabalhos.

O processo de votação e eleição dos melhores do ano, coube ao júri composto por Miguel Osório, director de marketing do Modelo, Paulo Lima, designer gráfico da MusaWorkLab, Nuno Frazão, director-geral da View, Pedro Gonzalez, director-geral executivo da DNA Y&R Brands e Rui Morais, director criativo da Mola Ativism. Este ano, o Prémio Design Briefing contou com o patrocínio do Modelo.

Lista de Vencedores 10ª edição do Prémio Design Briefing
http://www.jornalbriefing.iol.pt/flash/Vencedores07.pdf

Atelier This is Pacifica
http://www.thisispacifica.com/

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

domingo, 2 de dezembro de 2007

Manuel Guede Oliva volta a dirigir em Braga

Manuel Guede Oliva volta a encenar na Companhia de Teatro de Braga. Desta vez é o texto de Dusan Kovacevic “O Profissional”, em cena até 5 de Dezembro, no Theatro Circo, em Braga, com interpretação de Carlos Feio, Jaime Soares, Rui Madeira e Teresa Chaves.

"Um texto, quase diríamos, autobiográfico, de um dramaturgo e guionista, (são dele alguns guiões de filmes de Kusturica), praticamente desconhecido entre nós. Um policial negro e político, inscrito nos anos de tragédia balcânica. Profunda e dramática história de vidas, num contexto de advento de democracia, onde os traumas de uma sociedade e de um regime estiolam por dentro de cada um e o que chega à superfície, ao quotidiano, (só aparentemente estranha e sem nexo) são estilhaços que há muito perderam a possibilidade de se reagrupar e formar um todo coerente. É exactamente nesta ideia de sequências desgarradas, construídas com ritmos e música de palavras, com olhares, risos e também traições, escutas, prisões, violações e abusos, que se mostra um mosaico que integra hoje esta Europa. Coisas que nos estão, afinal, ainda próximas, mas já aparentemente distantes. Como se a Vida fosse algo construído com um princípio, meio e Fim. Um jornalista, jovem estudante contestatário, hoje editor; um escritor à “procura” do editor e que, contas feitas e discussões havidas, quer afinal editar o resultado de anos e anos de pesquisa conduzida, enquanto polícia secreto (agora sem emprego) sobre esse tal editor. A vida passada a pente fino antes e depois da queda do regime. A democracia não garante a intimidade e a vida privada".
- Rui Madeira

"Somos moitos os que compartimos, co poeta Humberto Saba, a certeza de que o humor é a máis alta forma da cortesía.
Desde esa convicción, con esa arquitectura, “O profesional” de Dusan Kovacevic é un texto atravesado pola civilidade, por esa delgadísima liña na que o ser humano foi aprendendo a construírse no respeto ao outro, nos valores do diálogo, na asunción da alteridade. E isto, proclamado desde o corazón de Belgrado, nas paisaxes desoladas da vella Iugoslavia destruída é unha lección moral de radical magnitude.
En “O profesional” comparece a cómica tristeza dos que un día se quedaron sen patria, ¿ou sería conveniente invertir esta orde e precisar que é máis ben a comedia triste daqueles aos que a Historia lles roubou a súa historia persoal? Sexa como for, o que Kovasevic non está disposto a negociar é a risa, a ironía, o sarcasmo, os espellos grotescos que retratan a fin dun século XX que se pecha en Europa exactamente igual que se inaugurou, como unha terrible maldición: sangrando polas cicatrices dos Balcáns.
Pero Kovasevic, lúcido notario deste tempo, militante dun escepticismo luminoso, sabe ben que por riba de todo o que ningunha sociedade debe de perder nunca é a súa capacidade para rir. Porque, finalmente, a risa é a arma máis poderosa contra a iniquidade, a vileza, a ignominia; é o fracaso da represión.
Por iso “O Profesional” é, sobre todas as cousas, unha risotada triste, unha gargallada áspera na beira do abismo contra a crueldade de certos destinos. ¿Acaso os nosos…?"
- Manuel Guede Oliva


Manuel Guede Oliva, nascido na Venezuela mas há muito radicado na Galiza, onde foi director do Centro Dramático Galego, já tinha dirigido na companhia de Braga “Algumas Polaróides Explícitas” de Mark Ravenhill.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Teatro Ibérico em Évora


Inicia-se na próxima Segunda-feira, em Évora, o V Encontro de Teatro Ibérico, realizado numa parceria entre o Cendrev e o Institut Internacional del Teatro del Mediterrâneo de Madrid. Até 9 de Dezembro irão passar pelo palco do Teatro Garcia de Resende várias companhias portuguesas e espanholas.

“Queres fazer amor comigo” de 100 Ilusões, Produções Culturais é o espectáculo de abertura do Encontro, no dia 3 de Dezembro, às 21h30.

O espectáculo pretende falar do desenvolvimento pessoal, da mulher, através das relações íntimas e lançar o debate e reflexão sobre questões que normalmente não saem das conversas privadas. As nove personagens, todas mulheres e com as mais variadas profissões, para além de confessarem o inconfessável, interrogam-se sobre o significado da frase: fazer amor. Em que contexto é que ter relações sexuais é ou não fazer amor? A que nos referimos nós quando dizemos que fazemos amor? Nove mulheres nove respostas…

“Queres fazer amor comigo” conta com encenação de Henrique Félix, Direcção Musical de António Neves e Interpretação de Ana Videira, Cátia Ribeiro, Jenny Romero, Rita Frazão e Sílvia Balancho.

Mas há outros espectáculos na mostra do V Encontro de Teatro Ibérico: "30º de Frio", peça trazida de Madrid pelo colectivo Teatro del Astillero, "Imagina que descalcei o sapato e agora não o consigo enfiar", de Teresa Rita Lopes, "Aniñando", concebido pela jovem encenadora Sofia Cabrita, "El Incorruptible", "Cabaré de Ofélia", "Love Clint Eastwood" e "Além as Estrelas são a nossa Casa", de Abel Neves.

O Encontro de 2007 encerra com um espectáculo "A Cotovia", concebido por João Brites a partir do "Auto da Feiticeira Cotovia", de Natália Correia.

Uma componente fundamental dos Encontros de Teatro Ibérico consiste em reunir em Évora vários convidados de Espanha e de Portugal para debater em conjunto questões de pertinência comum no contexto da criação e difusão teatral de ambos os países, o que acontecerá este ano nos dias 8 e 9 de Dezembro no Salão Nobre do Teatro Garcia de Resende.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Espectáculo: PS aprova regime dos contratos de trabalho

O PS aprovou hoje, isolado, o regime dos contratos de trabalho dos profissionais de espectáculos, com a oposição a considerar a lei insuficiente e a maioria socialista a prometer o regime de segurança social para mais tarde.

Todas as bancadas da oposição (PSD, CDS-PP, PCP, BE e PEV) votaram, na Assembleia da República, contra esta proposta de lei, contestada pelos profissionais do sector, os «intermitentes», dado que têm um trabalho incerto e nem sempre com a mesma empresa.

Em Portugal, os profissionais do espectáculo e do audiovisual não tinham, até agora, qualquer estatuto que regule a sua actividade, trabalhando quase sempre sem contrato de trabalho, sem protecção na doença ou desemprego, e sem qualquer regulamentação para o exercício da sua profissão.

No entanto, os partidos da oposição criticaram a maioria por a lei não prever normas relativas à protecção e segurança social.

«Esta lei não resolve o problema de grande precariedade da generalidade dos 60 mil trabalhadores das artes dos espectáculo», afirmou o deputado comunista João Oliveira.
Esta posição foi comum às intervenções das bancadas do Bloco de Esquerda, CDS e PSD, que destacaram a falta de medidas de apoio às actrizes que decidem ter filhos e para as quais não há medidas de protecção social.

O PS prometeu, durante o debate, hoje, no Parlamento, resolver o problema «mais tarde», através de um «diploma próprio», como a própria lei prevê.
In Diário Digital / Lusa


Sobre a Plataforma dos Intermitentes
A Plataforma dos Intermitentes é um grupo composto por estruturas, sindicatos e outras organizações que está a trabalhar desde há cerca de um ano, analisando as propostas de lei do BE e PCP acerca da regulamentação para os profissionais do sector das artes do espectáculo e audiovisual, tendo reuniões com os diversos grupos parlamentares e redigindo uma proposta sobre as matérias a regular nesta área, como a certificação profissional, o sistema de protecção social e o regime de intermitência. Contestação à proposta de lei do PS O conceito de intermitência enquanto aspecto do exercício das profissões do espectáculo e do audiovisual, que tem servido de base material para a regulamentação dos regimes contratuais em diversos países (França, Holanda ou Alemanha), é formulado a partir da circunstância da sujeição dos trabalhadores dos espectáculos e do audiovisual a períodos de suspensão da sua actividade, em resultado dos necessários tempos de aperfeiçoamento e maturação artística, bem como da limitação temporal do ciclo económico da produção de espectáculos, normalmente associados a diferentes e sucessivas entidades empregadoras.

Este conceito tem servido como fundamento a regimes de contratação e de segurança social nesses países, que visam proteger o trabalhador face à descontinuidade da prestação de trabalho e das consequências dessa situação no plano remuneratório.

Da leitura do artigo 7º desta proposta de lei conclui-se que, sob a designação de contrato de trabalho intermitente, se cria um modelo contratual que visa exclusivamente a redução das contrapartidas de que beneficiará um trabalhador com vínculo de carácter permanente [SEM ESTABELECER NENHUM BENEFÍCIO PARA AQUELES QUE EFECTIVAMENTE EXERCEM UMA ACTIVIDADE DE FORMA INTERMITENTE NESTE SECTOR].

Proposta de Lei que aprova o regime dos contratos de trabalho dos profissionais de espectáculos
Esta Proposta de Lei, a submeter à aprovação da Assembleia da Republica, visa regulamentar a contratação de trabalhadores e profissionais de espectáculos, preenchendo uma lacuna decorrente da insuficiência da actual legislação de enquadramento da actividade dos artistas de espectáculos e que, devido às suas especificidades, não encontrava resposta no regime geral do Código de Trabalho, com grande prejuízo para os profissionais da área e desvantagem para todos os agentes que nela operam.

Assim, o diploma vem criar um regime especial de contratação para os profissionais das artes do espectáculo, em que a celebração do contrato de trabalho passa a ser a regra e não a excepção e em que são criados novos modelos de contratação laboral, com introdução das figuras do trabalho intermitente e do trabalho em grupo, bem como de uma modalidade especial de contrato a termo.

No seu conjunto, estes instrumentos permitem dar resposta às especificidades da actividade artística, bem como adequar o regime do contrato a termo à transitoriedade estrutural da actividade artística e dos próprios espectáculos públicos.

Respondendo a outra das grandes preocupações dos profissionais das artes do espectáculo, designadamente, nas actividades em que há um desgaste inerente ao próprio exercício da actividade, é regulamentada a perda superveniente de aptidão artística em condições mais favoráveis do que as previstas no regime geral do Código do Trabalho. Assim, havendo motivo para a caducidade do contrato de trabalho por motivo atinente ao trabalhador, prevê-se, por um lado, o dever geral do empregador de proceder à reclassificação do trabalhador, como forma de evitar a caducidade; e, por outro lado, não sendo tal reclassificação possível, o direito do trabalhador a uma indemnização (no Código do Trabalho a indemnização só tem lugar nos casos em que a caducidade decorre de um motivo imputável ao empregador).

No que concerne à protecção dos profissionais de artes do espectáculo em matéria de segurança social, opta-se por remeter a sua regulamentação para diploma específico a publicar posteriormente. A complexidade, especificidade e diversidade das situações a contemplar assim o justifica.

Estabelecendo-se deste modo uma modalidade especial de contratação laboral para os artistas de espectáculos públicos, o regime geral do Código de Trabalho passa a aplicar-se-lhes apenas subsidiariamente.

In www.portugal.gov.pt

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Celebração do 11º aniversário do Porto Património Mundial


Eu imPORTO-me
4 de Dezembro de 2007

Uma iniciativa Cidadãos do Porto, Sociedade Aberta


No âmbito do 11º Aniversário da classificação do Centro Histórico do Porto como Património Mundial, realiza-se no dia 4 de Dezembro, Terça-feira, a partir das 18:30, uma série de eventos sob o lema imPORTOme.

Programa*:
18:30h: Concentrações nos pontos de encontro

- Praça Parada Leitão (aos Leões)
- Terreiro da Sé
- Miragaia
- Praça da Ribeira
- Praça Sandeman (Cais de Gaia)

20:00h: Praça do Infante
Festa com a participação de Pedro Abrunhosa, Rui Reininho, Vozes da Rádio, Rui Veloso, Bando dos Gambozinos, Conjunto António Mafra, entre outros.

22:00h: Palácio da Bolsa
Intervenção musical por Pedro Burmester, Conferência por Alvaro Gómez-Ferrer Bayo (Arquitecto, consultor da UNESCO que avaliou a candidatura do Porto e propôs a inclusão do Centro Histórico na Lista do Património Mundial)
e ainda Festas e celebrações imPORTO-me.


Petiscos a Um Euro nos estabelecimentos do centro histórico.

* Programa sujeito a alterações.


+ informações através de 4.12.2007@gmail.com

Workshop "Isto é arte?!! - a redefinição dos conceitos arte, artista e público"


8 e 9 de Dezembro
10h às 13h - 15h às 18h
Anfiteatro B028, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto


Esta actividade parte de um dos comentários mais frequentes perante a arte contemporânea - isto é arte?!!!! Tendo como referência as experiências artísticas realizadas por volta dos anos 60 e a redefinição de conceitos operada aos mais variados níveis, pretende-se abrir caminhos numa reflexão sobre a arte, cruzando diferentes géneros artísticos e tempos históricos variados.

Procede-se assim à discussão e à reflexão acerca do nosso tempo e das suas variadas formas de expressão, pela identificação de características gerais e comuns ao "pensar e fazer artístico contemporâneo", identificando-se rupturas e continuidades na história. Percebe-se ainda a origem histórica das marcas do nosso tempo e daquele comentário.

O workshop será orientado por Magda Henriques, que se tem destacado no desenvolvimento de actividades pedagógicas relacionadas com a arte contemporânea, em colaboração com várias instituições e festivais, destacando-se a Fundação de Serralves, a Culturgest, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Pavilhão de Portugal, o Festival Y, entre outros.

Objectivos:
- Problematizar o conceito de arte;
- Reconhecer que a ideia de arte é mutável e complexa, podendo adquirir significados diversos em tempos e lugares diferentes;
- Constatar que "as formas da arte são simultaneamente as formas dos acontecimentos humanos";
- Perceber a arte contemporânea na sua relação com os anos 60/70 e a redefinição do conceito de arte, mudança de paradigma, então operada;
- Entender a origem do processo contemporâneo na sua relação com o século XIX;
- Compreender a necessidade de uma certa prática e de uma postura activa perante o objecto artístico.



Alunos FEUP €5
Docentes e não-docentes FEUP €10
Outros alunos €10
Outros participantes €20

Portogofone 07


Quatro Dias Europeus do Teatro
6 – 9 Dezembro 2007

Praça Carlos Alberto + Praça da Batalha
Charanga
André Braga & Cláudia Figueiredo | Circolando, Teatro Viriato
[6 + 7] 18:30

Mosteiro de São Bento da Vitória
Estreia Absoluta
Conferência de Imprensa

Alvaro García de Zúñiga | William Nadylam | TNSJ
[6 + 7 + 8] 20:00

Mosteiro de São Bento da Vitória
Ella
Herbert Achternbusch | Fernando Mora Ramos | Teatro da Rainha
[6 + 7 + 8] 21:30

Teatro Nacional São João
Estreia Absoluta
Turismo Infinito

António M. Feijó | Fernando Pessoa | Ricardo Pais | TNSJ
[7 + 8 + 9] 21:30 + 21:30 + 19:00

Teatro Carlos Alberto
Todos os que Falam
Samuel Beckett | Nuno Carinhas | ASSéDIO, Ensemble, TNSJ
[8 + 9] 16:00 + 15:00

Teatro do Campo Alegre
Quarto Interior
André Braga & Cláudia Figueiredo | Circolando, TNSJ
[8 + 9] 21:30 + 19:00

Baixa do Porto
Actos de Rua
Henrik Ibsen, Jacinto Lucas Pires, Jean Cocteau, Luísa Costa Gomes, Padre António Vieira, Samuel Beckett, Sarah Kane | Nuno Carinhas | TNSJ
[8] 9:30-21:00

Mosteiro de São Bento da Vitória
Teatro Europa (Encontro Europeu)
[7 + 8] 11:00-17:30 + 11:00-14:00
37.ª Assembleia Geral da União dos Teatros da Europa
[9] 11:00-18:00
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+ informações em www.tnsj.pt ou através do 800-10-8675 ou geral@tnsj.pt

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Carteiro até 30 de Novembro


“O Carteiro de Pablo Neruda”, peça inspirada na obra de António Skármeta é o último espectáculo da Seiva Trupe e está em cena até dia 30 de Novembro, no Teatro do Campo Alegre.

O espectáculo tem encenação de Júlio Cardoso e cenografia de José Carlos Barros.

Mário Jiménez vive com o pai na Ilha Negra onde o principal ofício é a pesca. Mário não quer ser pescador e aos 17 anos arranja trabalho como carteiro. Mas naquele lugar, não se lê nem se escreve e Mário tem um único cliente, Pablo Neruda. A amizade de Don Pablo e a sua poesia transformam a vida de Mário. Este jovem carteiro descobre o poder da metáfora e da poesia através do contacto e da amizade com o poeta.

Interpretação de António Reis/ Miguel Rosas / Sara Barbosa / Sandra Ribeiro / Marco Ferraz / Jorge Fonseca.

Por instantes de felicidade


Fundada em 1988, a Quasar Cia. de Dança tem as suas origens no grupo Energia, fundado em Goiânia no início das anos 80 e alcançou um lugar de destaque no panorama da dança contemporânea no Brasil.

Depois de uma larga digressão em Setembro e Outubro com os espectáculos “Só tinha de ser com você” e “Uma história invisível”, estreiam o novo trabalho no Teatro Alfa de S. Paulo “Por instantes de felicidade” nos dias 1 e 2 de Dezembro.

“Mesmo que com todas as dúvidas, apesar do caminho a se percorrer, a partir do movimento que não se explica, da intenção que não se basta, de um estilo que não nos conforta e, principalmente, de uma resposta que não se preenche, o que se espera de uma coreografia? Durante a pesquisa de seu novo espectáculo, a Quasar Cia de Dança vasculha seus arquivos e se depara com perguntas recorrentes ao longo de duas décadas de trabalho – o movimento, a presença e ausência do humor, a busca de um estilo próprio. E nesse processo também encontra uma simples resposta: Por instantes de felicidade. A Quasar Cia de Dança comemora 20 anos de carreira fazendo uma revisão de momentos importantes de uma trajectória, única no Brasil. Por instantes de felicidade é um espectáculo que registra amadurecimento e renovação de uma linguagem corporal que encontrou sua poética na complexidade. "Profundamente comprometido com o Brasil que entende como uma rede de conexões culturalmente distintas o Quasar põe em cena um caldo saboroso onde as estéticas do circo, da mímica, da dança do teatro, do melodrama, da pantomima, do desporto e do vídeo se misturam. Estas misturas, sempre em fluxo contínuo, recebem o tempero do bom-humor e da sagacidade”
- Helena Katz - Pesquisadora e crítica de Dança - Jornal o Estado de S.Paulo

domingo, 25 de novembro de 2007

Cinquenta anos de "A Promessa"


Há cinquenta anos – mais precisamente no dia 23 de Novembro de 1957 – o Teatro Experimental do Porto, pela mão de António Pedro, estreava no Teatro Sá da Bandeira do Porto “A Promessa” e dava a conhecer um jovem dramaturgo, Bernardo Santareno.

A peça, apesar de só ter feito 9 representações, ainda que sempre com lotações esgotadas, transformou-se num dos espectáculos mais emblemáticos da história do TEP. Provocou grande polémica, com os sectores mais conservadores da sociedade portuense e da igreja católica a manifestarem-se contra a sua representação.

António Pedro, no programa do espectáculo, afirmava: “Se se aferisse pela medida do meu entusiasmo por ela, o valor de uma peça, raras estariam colocadas nessa tabela acima desta e, com certeza, nenhuma outra em Portugal. É que aqui, o que é da poesia e o que é do teatro deram-se as mãos admiravelmente numa realização a que falta pouquíssimo para ser uma obra-prima.”

Bernardo Santareno, que viu aqui a sua primeira peça encenada, viria a tornar-se num dos maiores dramaturgos portugueses de sempre.

A editora Nova Ática, assinalando os cinquenta anos da estreia de “A Promessa” fez uma edição comemorativa da peça, que inclui documentação sobre as diversas encenações e sobre o filme homónimo de António Macedo.

O livro foi apresentado numa sessão comemorativa organizada pelo TEP, que contou com a presença de alguns técnicos e actores que compunham o elenco da estreia. Júlio Gago, actual director da companhia, apresentou a sessão e historiou o acontecimento, enquanto Vicente Batalha, do Instituto Bernardo Santareno, centrou a sua intervenção na vida e obra do dramaturgo.

Nesta sessão, Nelson Cardoso, em representação da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, anunciou a criação do Museu António Pedro.

sábado, 24 de novembro de 2007

Êxito de La Hongaresa na Colombia


A companhia La Hongaresa participou com “Umbral” no XIII Festival Internacional de Arte de Cali, na Colômbia, com excelente recepção.
UMBRAL” é constituído por cinco histórias em cinco espaços urbanos, entre privados e públicos, entre nocturnos e diurnos: um portal, um estúdio fotográfico, uma passadeira, um apartamento e o escritório de um matadouro. O que cria a unidade destes cinco quadros é o conceito de “umbral”, sobre tudo no que se refere ao que se produz na comunicação. Mas o “umbral” mais constante é o que se estabelece entre o trabalho e os sentimentos, em especial os amorosos, por ausência de um deles ou de ambos. Cada uma das cinco histórias apresenta um par que não pode – nalguns casos não quer – assumir uma relação amorosa, porque recusam a ideia de transpor o pequeno espaço que os separa.

A Companhia Hongaresa de Teatre ganhou recentemente o Premio Abril para a melhor empresa produtora, prémios que foram criados este ano, sendo os galardoados votados pelos profissionais de teatro.

A próxima actuação de “Umbral” será em Alboraia.(18 de Janeiro)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

40 tipos de vodka em Vigo


Nos dias 23, 24 e 25 de Novembro, Provisional Danza com a sua directora Carmen Werner à frente do elenco, apresenta no TEATRO ENSALLE, em Vigo, no encerramento do Catropezas 07, o espectáculo "40 tipos de vodka". Será a estreia na Galiza, depois da digressão na América, desta nova proposta da coreógrafa madrilena.

Fala-se, em "40 tipos de vodka", de escapar à ansiedade mediante a procura do prazer. Fala-se da fragilidade das pessoas perante o sistema. Fala-se de cair na dinâmica da inércia. Fala-se de fazer o que aprouver a cada um e fazer coisas sem saber porquê. Fuma-se, bebe-se, dança-se, canta-se, reza-se, fode-se… e também se fala.

“Agrada-me ultrapasar todas as regras. Deleito-me compartilhando a ejaculação. Chegar ao limite por prazer, pelo prazer chegar ao limite. Tenho medo que seja a última vez.” Carmen Werner.

A mais recente visita de Carmen Werner ao Teatro Ensalle teve lugar em Março deste ano, quando apresentou com Vicky P. Miranda o duo "Te voy a echar de menos", co-produção do Teatro Ensalle e Provisional Danza. Anteriormente tinha estado no Festival Catropezas 06, onde estreou o solo "Bajo la campana del vacío", participou na noite de improvisação dentro do programa especial Seis Cordas e apresentou o espectáculo "Matar el 9". Em Março de 2006 apresentou seis espectáculos e dirigiu uma oficina intensiva de dança. Um ano antes, Carmen Werner com o espectáculo "Pie Izquierdo" encerrou o Isto Ferve 05, com Ana Vallés, directora de Matarile Teatro.

Carmen Werner naceu em Madrid. Licenciada em Educação Física pela Universidade Politécnica de Madrid, estuda Dança Clássica e Contemporânea em Madrid, Barcelona e Londres. Cria a sua própria companhia: Provisional Danza. Recebe o Prémio de Cultura na Secção de Dança dla Comunidade de Madrid 2000. Terceiro Prémio Internacional de Dança Onassis 2001. Alexander S. Onassis Public Benefit Foundation. Premio Mención do XIII Festival de Cinema de Girona para o vídeo em formato cinema "La noche, marejada de un cuerpo" 2001. Carmen Werner foi nomeada para os Premios Max das artes cénicas 2006 na categoria de Melhor intérprete feminina de dança.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Danilo de Alencar distinguido no Brasil

Acaba de ser anunciado pelo Grupo de Teatro Artes & Fatos que Danilo de Alencar conquistou a Medalha Tiokô Otávio Arantes, da Secção de Goiás da União Brasileira de Escritores (UBE-GO), como “personalidade que mais se destacou na categoria Teatro”. O prémio será entregue em sessão solene a realizar-se no dia 22 de Novembro, no auditório Augusto da Paixão Fleury Curado, do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, pela escritora Maria Luisa Ribeiro.

Na sexta edição do Festival Internacional Goiânia em Cena, iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura, encerrado recentemente, o jornal “O Popular” destacou o trabalho de Danilo Alencar como uma das atracções entre os grupos de Goiânia, com a peça “Balada de um Palhaço”, conquistando prémios com o texto de Plínio Marcos.

Esta distinção surge na sequencia de outras já conseguidas pelo grupo goiano noutros estados. O Grupo de Teatro Arte & Fatos, recebeu quatro prémios durante o 2º Festival Nacional de Teatro Elizabeth Savala, de Juiz de Fora, Minas Gerais. O festival realizado em Setembro rendeu os prémios de Melhor Espectáculo – Júri Popular; Melhor Direcção, para Danilo Alencar; Melhor Actor, para Edson de Oliveira; e Melhor Cenário, para Paulinho Pessoa. Nessa altura, Danilo Alencar afirmou que o prémio foi uma surpresa e, emocionado, lembrou como o grupo foi bem recebido pelo público do festival.

Danilo de Alencar é Coordenador do Grupo de Teatro Artes & Fatos, da Coordenação de Arte e Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil da Universidade Católica de Goiás, no Brasil.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

MIT Valongo - Mostra Internacional


Paralelamente ao projecto de criação, o ENTREtanto TEATRO organiza anualmente, desde 1998, o ENTREtanto MIT Valongo - Mostra Internacional de Teatro. No festival já participaram diversas companhias de diferentes proveniências (Brasil, Espanha, Portugal, Alemanha, França, Suiça, Cabo Verde, Itália, Bélgica, Moçambique, Holanda, Guiné Bissau e República Checa).

A 10ª edição da mostra decorre entre os dias 13 e 24 de Novembro.

Uma homenagem ao actor António Reis marca o arranque da 10.ª edição que inclui teatro, a exibição de um vídeo e a inauguração de uma exposição evocativa da carreira do actor e director da companhia Seiva Trupe.

A homenagem e toda a mostra decorrem no Fórum Cultural de Ermesinde. A homenagem inclui a representação da peça de teatro "Yepeto - a dor de uma paixão", pela Seiva Trupe, a exibição do vídeo/documentário "António Reis, o actor" e a inauguração da exposição "António Reis uma vida no teatro", que ficará patente até ao fim do festival.

No segundo dia de programação do MIT será apresentada a peça do “Aullidos” pelo grupo espanhol Teatro Corsário, que se tem apresentado diversas vezes em Portugal, sempre com sucesso, nomeadamente no FITEI, e que apresenta desta feita um espectáculo de formas animadas com forte componente fantástica e plástica.

A programação completa pode ser consultada em http://www.entretantoteatro.pt/_site/04_01.php

O MIT é organizado pela ENTREtanto Teatro, associação cultural que iniciou a sua actividade em 1994 e que, desde 1996, tem sede em Valongo.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Cidade da Maia na Interlocal


A INTERLOCAL tem um novo membro em Portugal. Depois da cidade de Almada, acaba de ser anunciada a entrada da cidade da Maia para esta Rede, que conta já com a participação de 59 cidades.


A INTERLOCAL nasceu da necessidade de organizar uma rede iberoamericana de cidades para a cultura e foi promovida no ano 2000, pela Diputación Provincial de Barcelona e pela Organização dos Estados Iberoamericanos para a Educação, Ciência e Cultura.


Foi também divulgado o programa do III Foro Interlocal que terá lugar na cidade de Escazú (Costa Rica), entre os dias 26 e 29 de Novembro.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

OBSCENA #07 já está disponível


O que é a identidade cultural europeia? Robert Rauschenberg
Pré-publicação: Fundação Calouste Gulbenkian 50 anos 1956-2006
Claude Régy DocLisboa 2007 Carta branca a João Leonardo Rodrigo García
Yvonne Rainer e Trisha Brown em diálogo DBM – Danse Basin Mediterrannée
Eszter Salamon Indústrias Criativas

www.revistaobscena.com

O regresso da OBSCENA #07 [http://revistaobscena.com/], lançada no passado dia 1 de Novembro, prossegue com a reflexão em torno da identidade cultural europeia, depois do anterior número da revista ter sido dedicado às políticas culturais europeias, aproveitando os últimos meses da Presidência Portuguesa da União Europeia. Nesta edição, a OBSCENA convidou um painel de agentes culturais de diversos Estados-membros a reflectirem sobre aquilo que entendem por identidade nacional e identidade europeia. Na primeira parte deste dossier especial foram recolhidas as opiniões de onze países: Alemanha, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Eslovénia Grécia, Holanda, Hungria, Roménia e Suécia em textos assinados por críticos, encenadores, artistas plásticos, comissários, jornalistas e investigadores.

A edição de Novembro propõe ainda uma reflexão sobre o futuro da cultura na sociedade contemporânea através de um ensaio que põe em discussão o papel que as indústrias criativas têm vindo a desempenhar na definição do acesso aos bens culturais. Em Novembro está publicado a primeira parte deste ensaio, deixando para Dezembro a apresentação de casos práticos, mês em que também encerra o dossier dedicado à Europa cultural.

A OBSCENA #7 traz-lhe ainda, em primeira mão, a pré-publicação do livro comemorativo dos 50 anos da Fundação Calouste Gulbenkian, num longo percurso, assinado por António Pinto Ribeiro, através da implicação da FCG na história cultural do país.

Esta edição marca também o início da abertura da revista à divulgação de outras disciplinas artísticas que ocupam um lugar na construção de um discurso sobre a criação performática. A exposição que Serralves dedica a Robert Rauschenberg e a recente edição do DocLisboa são temas em destaque, num número que traz uma carta branca de João Leonardo, Prémio EDP Novos Artistas 2005.

Outros destaques da OBSCENA #07 vão para as entrevistas com os encenadores Claude Régy e Rodrigo Garcia, que se apresentam este mês em Paris, no âmbito do 36º Festival d’Automne e na publicação de um diálogo entre as coreógrafas Trisha Brown e Yvonne Rainer a propósito do seu trabalho, de Rauschenberg e do modo como concebem a criação em dança.

Para além disso, são publicadas as habituais colunas de opinião de André Dourado, Eugénia Vasques e Mónica Guerreiro, o cartoon do Bandeira, críticas, recensões e 150 páginas de muita informação que vão continuar a sair até 15 de Dezembro, data em que sai a última OBSCENA de 2007.

O site da OBSCENA mudou, sendo que agora é necessário um novo registo para quem quiser assinar a revista.