sábado, 29 de dezembro de 2007

Proposta de Lei sobre Segurança Social dos Profissionais de Espectáculos



A Plateia - Associação de Profissionais das Artes Cénicas, a GDA - Gestão dos Direitos dos Artistas Intérpretes ou Executantes e o CIJE/FDUP - Centro de Investigação Jurídico-Económica da Faculdade de Direito da Universidade do Porto apresentaram uma proposta de lei sobre o Regime Especial de Segurança Social dos Profissionais de Espectáculos e Audiovisual e Pessoal Técnico e Auxiliar que segue a experiência de vários países da União Europeia nomeadamente no cálculo das contribuições em função do rendimento efectivamente auferido e na consideração das especificidades do sector como a alternância de períodos de actividade e inactividade, os vínculos de curta duração, a multiplicidade de empregadores e o trabalho intensivo.

A equipa de investigação foi constituída por Profª Doutora Glória Teixeira (FDUP/CIJE), Licenciado Sérgio Silva (FDUP), em parceria com PLATEIA e GDA, com contributos do International Bureau for Fiscal Documentation (IBFD), Amesterdão, Joanna Wheeler e René Offermanns, Nina Aguiar (Doutorada, Universidade de Salamanca), Sara Kijjoa, (LL.M., Advogada), Reino Unido, Carlos Costa (PLATEIA), Suzana Borges (GDA) e ainda dos profissionais do sector Ângela Marques, Luís Ribeiro, Marina Freitas, Pedro Maia e Joclécio Azevedo.

Trata-se de um trabalho de investigação na área do direito da segurança social dos profissionais de espectáculos e audiovisual e pessoal técnico e auxiliar, tanto na sua perspectiva interna como na perspectiva de direito comparado, tendo-se analisado várias experiências europeias, nomeadamente as experiências Espanhola, Holandesa e Belga.

Este trabalho insere-se na lógica e princípios subjacentes à recentemente aprovada Lei de Bases da Segurança Social, não deixando todavia de tomar em consideração, nos casos e situações devidamente justificados e fundamentados, as especificidades de determinadas actividades ou profissões que, pelo seu carácter intensivo, exigem um tratamento jurídico diferenciado ao nível da segurança social, de forma a serem equiparados ou não discriminados negativamente face aos restantes trabalhadores.

São portanto razões constitucionais e legais de justiça, igualdade e equidade que fundamentam e justificam a aplicação de um regime especial de segurança social a este tipo de profissionais. Na grande maioria das situações, o trabalho deste tipo de profissionais é de tipo intensivo e intermitente, características laborais estas que não são de tipo esporádico mas antes assumem um carácter permanente ao longo da carreira contributiva destes trabalhadores.

Conclui-se deste trabalho de investigação, e fundamentado também em experiências comparadas que possuem regimes especiais de segurança social, a necessidade de um regime especial de segurança social que tome em consideração o tipo de trabalho subjacente bem como as condições em que é exercida a actividade artística em Portugal.

A Proposta de lei está disponível em http://www.plateia.info/

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Exposição Um Teatro Sem Teatro


Onde se cruza o teatro com as artes visuais? Um Teatro Sem Teatro mostra a produção artística que reflecte a arte performativa, desde o início do século XX. Até 17 de Fevereiro no Museu Colecção Berardo, em Lisboa.Uma co-produção com o MACBA - Museu d'Arte Contemporani de Barcelona, a exposição, comissariada por Bernard Blistène e Yann Chateigné (com a colaboração de Pedro G. Romero), junta obras de arte que investigam a linguagem teatral em quatro núcleos: o Anti-teatro (do movimento DADA ao movimento Fluxus); o Homem-actor (passando por Antonin Artaud, Tadeus Kantor e a arte californiana dos anos 60 e 70); Para além do Minimalismo (abordando o Futurismo e o Situacionismo); terminando com obras de Dan Graham e James Coleman, em jeito de epílogo.

Um Teatro Sem Teatro segue duas linhas fundamentais - obras e autores que tomam a performance como parte central do seu trabalho e peças que lidam com noções novas de espaço e a nossa própria relação e interacção como espectadores e/ou parte integrante da própria criação.


[+] info
Exposição Um Teatro Sem Teatro
Até 17 de Fevereiro 2008
Museu Colecção Berardo
Praça do Império - Centro Cultural de Belém
Segunda, terça, quarta, quinta, sábado e domingo
das 10h00 às 19h00 (última admissão às 18h30)
Sexta das 10h00 às 22h00 (última admissão às 21h30)
3€; 1,5€ (Estudantes, +65); Grátis (até aos 18; à sexta a partir das 18h e Domingos até às 14h)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

30 por Noite | Novos projectos teatrais do Porto


Teatro Carlos Alberto [4 | 12 Janeiro 2008]

30 por Noite Novos projectos teatrais do Porto

comissário Hélder Sousa
produção TNSJ

Alegremente inspirado no desprezo autárquico por espectáculos a que assistem “duas ou três dezenas de pessoas”, a mostra 30 por Noite resgata da sombra um conjunto de cinco projectos teatrais desenvolvidos por jovens criadores do Porto, boa parte dos quais com idades inferiores a 30 anos. A escolha recaiu sobre as companhias Estufa, Primeiro Andar, Teatro do Frio, Teatro Meia Volta e Depois à Esquerda Quando eu Disser e Mau Artista, grupos da cidade que, tendo já nascido no cenário em desagregação do pós-Porto 2001, vêm demonstrando maior (in)consequência artística e uma crescente exigência de profissionalização. Aos espectáculos somem-se ainda a instalação enigmaticamente intitulada Está Cá Alguém?, debates sobre os objectos artísticos gerados por estas estruturas “alternativas” de produção teatral, e um desopilante concerto de encerramento dos Mimicalkix. Evocando ao longo de uma semana intensiva o doce prazer de se ser minoritário, 30 por Noite traz para o palco do TeCA aqueles que trabalham para 30 espectadores com o mesmíssimo empenho daqueles que o fazem para uma plateia de 300 ou 3000. Juventude em marcha!

30 Por Noite, todos os dias! por Helder Sousa

30 Por Noite é um ciclo de programação dedicado a uma geração de fazedores de teatroda cidade do Porto que ainda não estão integrados, por razões diversas, nos circuitos“oficiais” de profissionalização (nem por eles canibalizados!). Da quase dezena de estruturas mais ou menos informais que circulam na cidade – constituídas por pessoas formadas em diversas escolas –, sobrevivendo à custa de trabalhos temporários, paralelos e instáveis, e que, mesmo assim, produzem espectáculos com regularidade, associamo-nos às que demonstraram alguma originalidade profissional e que mais rápidas foram em corresponder aos nossos impulsos de solidariedade.
Na veleidade de podermos ser um parceiro profissional destas estruturas, apresentamos esta intensa semana de actividade, que, se quisermos um rótulo geracional, é o fruto das tentativas de criação de um tecido profissional pós-2001.
Durante uma semana queremos discutir e reflectir sobre a diversidade de percursos, seja ao nível dos próprios métodos de criação e dos objectos artísticos daí resultantes, seja ao nível dos processos de produção e de distribuição de cada uma destas estruturas, revelando as particularidades desta geração que vive ainda sem a segurança, eventualmente corporativa, de um financiamento estável.
O TeCA abre as portas não só aos espectáculos de Teatro como a outras actividades (uma ocupação, um concerto e duas conferências) que legitimem o direito e a inevitabilidade destas práticas minoritárias! 30 Por Noite, ou mesmo menos, a qualquer hora do dia.

Programa

[4 | 12]
terça-feira a domingo 14:00-19:00 (ou até às 24:00, nos dias em que há espectáculos em exibição)
Está Cá Alguém?
uma ocupação de Catarina Felgueiras, Rodrigo Areias, Rui Lima, Sérgio Martins, Susete Rebelo

[8 + 9]

terça-feira 22:00 quarta-feira 19:00
Estreia Absoluta Sicrano
dramaturgia e encenação Miguel Cabral

[9 + 10 + 12]

quarta-feira 15:00 quinta-feira 11:00 sábado 19:00
Diz que Diz
baseado no texto Como Quem Diz, de António Torrado
adaptação dramatúrgica, criação e interpretação Catarina Lacerda, Rodrigo Malvar, Rosário Costa

[9 + 10]

quarta-feira 23:00 quinta-feira 22:00
Vertigem
dramaturgia e direcção José Nunes

[10 + 11]

quinta-feira 19:00 sexta-feira 22:00
Confissões de um Carrasco na Hora de Ir Para a Cama
texto e encenação Nuno Preto

[11 + 12]
sexta-feira 19:00 sábado 22:00
O Nome das Ruas
direcção artística Alfredo Martins

[12]
sábado
Debates
Fábricas de Cultura
12:00
conferência de Joana Oliveira

Plenário 30 Por Noite
15:00
conversa moderada por Tiago Bartolomeu Costa

[12]
sábado 24:00
Concerto Mimicalkix

+ Info:
TeCA
Rua das Oliveiras , 43
4050-449 Porto
T.: 351 223 401 910
F.: 351 222 088 303
E.: geral@tnsj.pt
W.: www.tnsj.pt

Bob Wilson encena Ibsen em Sevilha


LA MUJER DE MAR (Lady from the Sea) de Henrik Ibsen com direcção de Robert Wilson estreia em 12 de Março no Teatro Lope de Vega de Sevilla.

Henrik Ibsen (A Casa da Boneca, Peer Gynt, etc.) escreveu A DAMA DO MAR em 1888. Susan Sontag é a autora da adaptação deste clássico para Robert Wilson, uma exploração actual da história de Ellida, uma mulher que viveu os seus primeiros anos em grande liberdade pessoal junto ao bravio mar da Noruega com seu pai, depois da morte do qual se casou com um viúvo com duas filhas, sentindo-se presa e longe do mar.

A música de Michael Galasso é a base de uma paisagem sonora que junta adaptações do folclore escandinavo, seu próprio violino, sons do mar, gritos de gaivota.

Seis actores interpretam esta história escrita há quase cem anos na Noruega. Foi montada na Coreia por uma companhia e actores coreanos, sendo a primeira encenação de Robert Wilson vista naquele país. Obteria um assinalável êxito no Festival de Seul.

A versão espanhola é protagonizada pela actriz Cayetana Guillen Cuervo.

Com guarda-roupa de Giorgio Armani que reflete as várias tonalidades do mar e uma cenografia simples, de madeira, lembrando a coberta de um barco, onde as mudanças de cena são marcadas apenas por uma tela em forma de vela e por mudanças de luz, Bob Wilson criou uma obra que enche o teatro do anseio de Ellida pelo mar.

LA MUJER DEL MAR
Texto de Susan Sontag baseado na obra de Henrik Ibsen
Tradução de Jaroslaw Anders
Concepção, desenho e direcção de Robert Wilson
Música de Michael Galasso
Guarda-roupa de Giorgio Armani
Desenho de Luz de A. J. Weissbard e Robert Wilson

Teatro Lope de Veja – Sevilha – de 12 de Março a 15 de Março
Co-produção Teatro Lope de Veja
Em Espanha este espectáculo é uma distribuição Elsinor.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Boas Festas e Feliz 2008


O FITEI deseja a todos um bom Natal e um feliz Ano Novo.

Em 2008, o Festival decorre entre 27 de Maio a 7 de Junho, onde artistas e criadores de diferentes nacionalidades partilham palcos na cidade do Porto.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

OBSCENA #8 já disponível


O último número do ano da OBSCENA #8 prossegue com o dossier sobre políticas culturais que têm vindo a apresentar desde Setembro. Nesta edição, André Dourado, Catarina Vaz Pinto, Cristina Peres, Jorge Salavisa, Maria José Stock e Miguel Abreu falam sobre a existência ou não de uma política para a cultura em Portugal.

O mesmo dossier inclui o balanço do encontro Teatro Europa, organizado pelo Teatro Nacional S. João, no início do mês de Dezembro, e ainda contributos de Adolfo Mesquita Nunes, Nuno Grande e André Dourado.

As relações entre o Hiv/Sida e a criação artística é outro tema em destaque na OBSCENA #08, que inclui reflexões de Thomas Hahn e Gérard Mayen sobre o que a dança fez à sida, e a sida fez à dança, bem como olhares sobre o trabalho dos coreógrafos Dominique Bagouet, Raimund Hoghe e Bill T. Jones, e dos encenadores Arianne Mnouchkine, Krzystof Warlikowsky e Reza Abdoh.

Antecipando a a apresentação em Lisboa de O Avarento ou a última festa, a Revista traça o perfil de dramatúrgico de José Maria Vieira Mendes.

Esta edição apresenta entrevistas com os coreógrafos Alain Buffard, Claudia Triozzi e Vera Mantero, a propósito da peça (Not) a love song, de Buffard; Catarina Botelho, prémio Bes Photo Revelação 2007; e a publicação da segunda parte do ensaio Indústrias Criativas, de Bruno Vasconcelos, Gustavo Sugahara, Miguel Magalhães e Pedro Costa.

A OBSCENA acolhe um novo cronista, o ensaísta e programador António Pinto Ribeiro que, a partir de agora, nos dará conta de viagens, referências e perspectivas, num espaço intitulado A Face Oculta, para além das crónicas habituais de Mónica Guerreiro e Eugénia Vasques.

A revista regressa no final de Janeiro para uma edição especial de aniversário.

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Isto não é um concurso


Em Julho de 2008, os Artistas Unidos voltarão a estar no Instituto Franco-Português, em Lisboa. Com um novo projecto. A que chamaram Isto Não é Um Concurso . E serão três peças inéditas que irão escolher entre as que enviarem para o grupo.

ISTO NÃO É UM CONCURSO – TRÊS PEÇAS PARA OS ARTISTAS UNIDOS

Segundo os Artistas Unidos, “não, não é um concurso, é só uma hipótese. Não, não queremos concorrência, nem competitividade, nem empurrões uns aos outros. Queremos peças de teatro que possamos fazer. De pessoas que conhecemos ou que não conhecemos. Pode ser que não sejam boas, nem extraordinárias, pode ser que sejam más, até - queremos três peças. Que tenham voz própria. Que sejam únicas. Frágeis, fortes, conseguidas, por acabar, por resolver, com interesse para nós. E para estrear em Julho de 2008. Não é para fazer leituras, forma barata de se dizer que se faz qualquer coisa, não: é mesmo para estrear, com cenário, actores, pano de boca até se for preciso. Escolheremos três. O que não quer dizer que seja um concurso. Até pode acontecer que não possamos fazer, por razões de elenco ou de cenografia, aquelas que mais nos interessariam para o nosso repertório. Mas faremos três peças de autores nunca representados. E esperamos que no-las enviem. A partir de agora, por mail ou pelo correio. Até fim de Dezembro de 2007. Não é preciso pseudónimo, nem envelope lacrado, isto não é um concurso. Entraremos em contacto convosco até meados de Fevereiro de 2008. E começaremos a ensaiar três peças em meados de Abril. Para estrear a partir de 5 de Julho. No Instituto Franco-Português. E depois veremos. Se as prolongamos, se as fazemos em digressão, logo se verá. Serão as que acharmos que podemos fazer bem, as mais perto de nós. Porque isto não é um concurso, é só uma hipótese."

O textos deverão ser enviados para:
Rua da Bempostinha 19B, 1150-065 Lisboa

ou por mail para abento@artistasunidos.pt

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Companhia argentina em Madrid




A companhia argentina Buendía Teatro apresenta em Madrid, na Sala Cuarta Pared “LLegé para irme” em Dezembro e Janeiro.

O tema de “Llegué par irme” é o stress que vivemos nestes tempos modernos, de um homem que circula sem saída, um clown, que se for examinado de perto revela o trágico da nossa modernidade actual. Correr, partir, viajar, nunca descansar, não ter tempo para pensar. Estar em permanente stress de viagem sem nunca disfrutar de si próprio. Descer de um avião para apanhar um comboio, apanhar um táxi para chegar a casa esgotado. Ler o seu correio, escutar as suas mensagens, esvaziar o frigorífico, tentar dormir e rapidamente partir, estar eternamente deslocalizado. No cansaço da noite perceber o fantasma do pai morto, sentir o amor perdido, ver o tempo passar.

Nesta obra clownesca, Gabriel Chamé Buendía e Alain Gautré denunciam o stress da vida quotidiana, uma estrada sem fim para escapar à solidão. Duro, mas cómico.

Direcção e dramaturgia: Alain Gautré e Gabriel Chamé Buendía


Companhia Buendía Teatro (Argentina)


Estreia 26 de Dezembro


Dias 26, 27, 28, 29 e 30 de Dezembro e 2, 3, 4 e 6 de Janeiro – 20.30h.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mímica e teatro físico

Em Março de 2005, Luis Louis inaugurou, no Brasil, cidade de S. Paulo, o seu estúdio de Mímica e Teatro Físico, onde desenvolve os trabalhos de sua companhia e coordena o Núcleo de Pesquisa e Criação.

Entre 14 e 18 de Janeiro de 2008 organiza uma Jornada Intensiva do Actor-Criador.

Seguindo um roteiro especialmente planeado para fortalecer o trabalho do actor-criador, Luis Louis, Silvana Abreu e Luiz Fuganti criaram esta jornada que passa por várias dimensões do trabalho criativo.

São três cursos integrados num processo intensivo de fortalecimento do corpo/pensamento, da técnica e da atitude do actor como artista criador autónomo e inserido no seu espaço social e humano.

O programa inclui:

Mímica Total e Teatro Físico, com Luis Louis
Afirmação da Potência do Actor-Criador, com Silvana Abreu
Filosofia – A Arte e o Problema da Expressão, com Luiz Fuganti

Período: de 14 a 18 de Janeiro de 2008 - Segunda a Sexta, das 15:30 às 22:00 h.

Participantes: Actores, bailarinos, clowns, performers e estudantes destas áreas.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Teatro de papel: “Convidado de pedra” em Madrid



“Convidado de pedra” a partir de "El burlador de Sevilla" de Tirso de Molina com direcção de Marcelo Lafontana, criação da companhia Teatro de Formas Animadas, de Vila do Conde, em co-produção com o Teatro Nacional de S. João, está a fazer uma temporada no Teatro La Abadia em Madrid, entre 12 e 30 de Dezembro.

Um teatrinho de papel com figuras recortadas, que mexem braços e pernas. Uns cenários em perspectiva de mares bravios, palácios e um cemitério. E uma antiga história de amores e morte.

A partir do texto original de Tirso de Molina (1630), com tradução de José Coutinhas e encenação de Marcelo Lafontana, a peça constitui um projecto nómada e portátil, visando a conquista de novos públicos, a integração de novas linguagens e sugerindo o acesso do espectador a outros espectáculos teatrais. Este curioso armário barroco, espécie de contentor miniaturizado do modelo arquitectónico e programático do TNSJ, vocacionado para a itinerância, cumpre assim a sua função de descentralização ao percorrer os palcos nacionais e internacionais.

D.João, inveterado sedutor, conquista as mulheres, faz amor com elas e abandona-as logo após. Mulheres, sempre mulheres, num apetite insaciável de enganador-coleccionador. Plebeias e nobres. Uma destas descobre o logro (D.João faz-se passar pelo seu apaixonado primo). O pai acorre para vingar a honra perdida da filha. D.João, tão exímio na arte do duelo como na da conquista, mata o pai da seduzida. Um dia, a estátua de pedra que encima o sepulcro do nobre senhor anima-se... É o fantasma, o revenant, o pai da donzela que vem do outro mundo, pela vingança, buscar o sedutor e o vai arrastar para o inferno como anunciam, à maneira dos coros trágicos, os músicos da companhia:

"E que o devedor não pense
que Deus castigo não traga;
o prazo sempre se vence
e a conta sempre se paga."

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Boca de Cena: Teatro-Jantar


Os cinco sentidos servidos à mesa para assinalar o vigésimo aniversário do Teatro de Marionetas do Porto (TMP), percurso iniciado com a histórica apresentação de Miséria (1988) na cidade francesa de Charleville-Mézières, capital mundial da marioneta. Em Boca de Cena: Teatro-Jantar, o teatro “com” marionetas descobre afinidades insuspeitas com a gastronomia, Artaud confraterniza com Pantagruel, o palco converte-se num muito performativo menu de degustação, os actores/garçons convivem de perto, muito perto, com os espectadores/comensais e a música electrónica contemporânea harmoniza-se com lieds de Schubert. Tudo isto poderia resultar num brinde à saúde do TMP, numa festiva revisão da matéria dada, mas João Paulo Seara Cardoso torce o pescoço à efeméride e arrisca uma originalíssima montagem de acontecimentos imprevistos, radicalizando as marcas distintivas de um projecto que se foi reinventando na fronteira de muitas linguagens artísticas e onde “poesia” rima quase sempre com “anarquia”. Cozinha e teatro de fusão para celebrar o passado com todos os sentidos postos no futuro. Como quem afirma que o melhor ainda está por vir. Cheers!

"Eu encaro o teatro numa perspectiva mais performativa e, se quisermos, política. Talvez aquilo a que eu reaja mais seja à sobrevivência de um certo naturalismo ou de um teatro apolítico e inócuo que não forma massas críticas. Um teatro que “não perturba os nossos sentidos”, como dizia Artaud."
JOÃO PAULO SEARA CARDOSO – Em entrevista concedida a Paulo Eduardo Carvalho e Isabel Alves Costa. Sinais de Cena. N.º 4 (Dez. 2005).

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Sopa trágica
Espetada de vegetais baby
Arroz exótico em cama de abacaxi
Delícia de frutos suspensos
Bolo da Paixão
Café

Preço único 20€ (5€ bilhete + 15€ jantar)

Mosteiro de São Bento da Vitória
[14 - 22 Dezembro 2007]
[2 - 27 Janeiro 2008]


Terça-feira a Domingo 21:00

Boca de Cena: Teatro-Jantar
Uma criação Teatro de Marionetas do Porto

Cenografia e encenação João Paulo Seara Cardoso
Marionetas e figurinos Júlio Vanzeler
Texto Anselmo Pires
Coordenação coreográfica Isabel Barros
Desenho de luz António Real, Rui Pedro Rodrigues
Sonoplastia Dominique Poquelin
Interpretação Edgard Fernandes, Jaime C. Soares, Sara Henriques, Shirley Resende, Sérgio Rolo
Garçonette Juliana Ferreira
Garçon Miguel Santos

Produção Teatro de Marionetas do Porto
Classificação etária: Para Maiores de 16 anos

Duração aproximada [2:00]

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Shopping and fucking


Depois de ter estreado no CCB, “Foder e ir às compras (Shopping and fucking)” de Mark Ravenhill na versão portuguesa de Ana Bigotte Vieira e encenação de Gonçalo Amorim, volta à cena, desta feita no Teatro da Politécnica, entre 7 e 17 de Dezembro.

Carla Maciel, Carloto Cotta, Pedro Carmo, Pedro Gil e Romeu Costa são os actores desta “oportunidade de reflectir sobre a sociedade de consumo, a globalização, a violência e o corpo, questões que definitivamente se instalaram na sociedade portuguesa e nas artes. Esta sedutora combinação de palavras aponta para dois planos políticos que se entrecruzam e tecem a peça: um check-up à sociedade de consumo e uma sensibilidade extrema quanto à dinâmica das relações. Os personagens compram-se uns aos outros, tentam não ter dependências afectivas e usar o dinheiro como anestesia; comprar é um profilático para o desejo, para no limite se tornar explícito que não dá. Não funciona. E no entanto vai funcionando”.

“Acho que todos precisamos de histórias, nós inventamos histórias para nos aguentarmos. E penso que há muito tempo havia grandes histórias. Histórias tão grandes que podias viver a vida toda nelas. (...) Mas todas elas morreram ou o mundo cresceu ou ficou senil ou nos esquecemos, e então agora estamos todos a fazer as nossas próprias histórias. Pequenas histórias. O que acontece de diferentes maneiras. Mas cada um tem uma.”
Mark Ravenhill, (fala de Robbie)

Mark Ravenhill nasceu a 7 de Junho de 1966 em Haywards Heath, West Sussex (Inglaterra). Estudou Literatura Dramática e Inglês na Universidade de Bristol. Trabalhou como assistente administrativo no Soho Theatre e mais tarde como professor e encenador. Estreou-se como dramaturgo em 1995, com uma peça curta intitulada “Fist”. Mas seria com “Shopping and Fucking” (1996) que ganharia notoriedade: estreada inicialmente no Royal Court, acabaria por fazer digressão a nível nacional e seria finalmente transferida para o West End. Seguiram-se “Faust is Dead” (1997), “Handbag” (1998), “Some Explicit Polaroids” (1999) “Mother Clap’s Molly House” (2001), “Totally Over You” (2003) e, mais recentemente, “Citizenship”, “The Cut” e “Product” (todas de 2005).

A sua obra tem contado com diversas montagens em Portugal. Ainda este ano, a companhia portuense Assédio produziu “Produto” e no ano anterior “O Corte”, que integrou a programação oficial do XXX FITEI. Este “Shopping and Fucking” já foi encenado por duas vezes: em 1999 pelo Teatro Plástico, também do Porto, com encenação de António Pires e em 2006 por Metamorfose Total. Em 2003, a Companhia de Teatro de Braga montou “Algumas Polaróides Explícitas” com encenação de Manuel Guede Oliva e, em 2005, Metamorfose Total apresentou “Fausto Morreu”. “Cidadania” integrou o projecto “Panos” na Culturgest.

Na versão original inglesa já foram vistos “Some Explicit Polaroids” no 2º P.O.N.T.I., em 1999 e “Produt” na Culturgest, em 2006, com o próprio Mark Ravenhill como actor.

Ficha Artística

Mark Ravenhill
Texto
Ana Bigotte Vieira Tradução
Gonçalo Amorim Direcção Artística e Encenação
Carla Maciel, Carloto Cotta, Pedro Carmo, Pedro Gil e Romeu Costa Interpretação
Rita Abreu Espaço Cénico
Ana Limpinho e Maria João Castelo Adereços e Figurinos
Sérgio Milhano Sonoplastia
José Manuel Rodrigues Desenho de Luz
Andreia Carneiro Assistência de produção
Mafalda Gouveia Direcção de Produção

Co-Produção Primeiros Sintomas / CCB

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O balleteatro apresenta: "algumas cenas de HAMELIN"


De >> Juan Mayorga
Direcção de >> Luís Mestre
Um projecto com os alunos do 3º ano do Curso de Teatro do Balleteatro Escola Profissional

13 Dez. | 13h00 às 19h00
14 Dez. | 14h00 às 21h00

Balleteatro Ribeira
Rua Infante D. Henrique, 30
4050-297 Porto

Algumas cenas de HAMELIN

Às vezes ouvimos um som aos nossos pés, ou entre as sombras, e temos medo que os ratos já aqui estejam, entre nós. Agora que éramos tão felizes.
Às vezes ouvimos nas nossas costas o som daquela flauta e dá-nos medo de nos voltarmos e reconhecermos os olhos do flautista. E corremos para os quartos dos nossos filhos para ver se ainda ali estão.
Às vezes tememos que o “Era uma vez” nos alcance como uma língua negra. E que, como uma profecia, cumpra o conto em nós.
Nas versões mais antigas do conto, as crianças nunca voltam a Hamelin. O flautista leva-os para sempre com a formosa música da sua flauta. Arrebatando os filhos inocentes, o flautista outorga à culpa dos pais o mais cruel dos castigos.
Também este Hamelin é um conto sobre a culpa dos adultos e o seu castigo. Sobre as crianças de uma cidade que não sabe protegê-los. Sobre um menino e os seus inimigos. Sobre o ruído que o rodeia e o medo que nos olha.

Juan Mayorga

Ficha técnica
Direcção >> Luís Mestre
Intérpretes >> alunos do 2º ano do Curso de Teatro do balleteatro escola profissional: Alexandre Ferreira, Ana Filipa Costas, Ana Sampaio Maia, Carlos Ivo Silva, Diogo Lopes, Fábio Pereira, Joana Ferreira, Jorge Cunha, Maria Ana Martinho, Ricardo Macedo, Ricardo Teixeira, Rita Morais, Rui Santos.
Produção: balleteatro

Informações
T: 225 508 918
F: 225 508 919
E-mail: producao@balleteatro.pt
www.balleteatro.pt

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Turismo Infinito até 17 Dez. no TNSJ

de >> António M. Feijó
a partir de textos de >> Fernando Pessoa
encenação >> Ricardo Pais
[7] a 17 de Dezembro
Teatro Nacional S. João
ter-sáb 21:30 dom (dia 9) 19:00 dom (dia 16) 16:00

Fotografia: © DR

A cena figura uma mente particular, a de Fernando Pessoa. Sendo-nos dado o privilégio de estar presentes, ouvimos e vemos uma sucessão de vozes e personagens, organizada em blocos de textos.

Um primeiro bloco pertence a Bernardo Soares e a Álvaro de Campos. Guarda-livros na Rua dos Douradores em Lisboa, Soares é Pessoa por defeito, um ininterrupto devaneio; Campos, engenheiro naval, é Pessoa por excesso, a exuberância que este não se permitiu ter (e também um censor selvagem
de si mesmo e dos outros).

Segue-se uma transição com a carta da corcundinha ao serralheiro, em que a autora descreve a sós um tipo particular de pobreza.

No segundo longo bloco os autores são Álvaro de Campos e “Fernando Pessoa”. Os textos descrevem experiências divididas (no caso de “Pessoa”, aqui na sua fase dita “interseccionista”, duas experiências diferentes cruzam-se no mesmo texto, uma paisagem e um porto de mar, por exemplo; no caso de Campos, perfilam-se poemas sobre viagens e sobre a experiência cindida do viajante).

Uma transição liga autobiografia e criação poética. A correspondência Pessoa/Ofélia Queirós exemplifica-a.

O terceiro bloco exibe o resultado sádico dos impasses descritos nos textos anteriores, bem como diversas tentativas de os reparar. Esse esforço de reparação parece ineficaz, pois muitas vezes redunda numa contracção sentimental do sujeito.

O epílogo introduz Alberto Caeiro, em quem Pessoa via a resolução olímpica dessas tensões interiores insanáveis. Esta resolução é, todavia, momentânea, sendo, de facto, um epitáfio.

Ficha técnica
de >> António M. Feijó
a partir de textos de >> Fernando Pessoa
e três cartas de >> Ofélia Queirós

encenação >> Ricardo Pais
com a colaboração de >> Nuno M Cardoso
dispositivo cénico >> Manuel Aires Mateus
figurinos >> Bernardo Monteiro
desenho de luz >> Nuno Meira
sonoplastia >> Francisco Leal
voz e elocução >> João Henriques
interpretação >> João Reis, Emília Silvestre, Pedro Almendra, José Eduardo Silva, Luís Araújo produção >> TNSJ

duração aproximada [1:30] sem intervalo
classificação etária >> Maiores de 12 anos

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A Noite da Iguana

Em cena de 28 de Novembro a 9 de Dezembro no Teatro do Bolhão, no Porto, A Noite da Iguana, co-produção do Teatro do Bolhão e do Teatro Maria Matos, é estreia em Portugal do emblemático texto de Tenesse Williams e integra um ciclo de espectáculos produzidos pelo Teatro do Bolhão, com base em textos contemporâneos de forte pendor realista e que se constituem como “pretextos” paradigmáticos para o trabalho dos intérpretes, ciclo que já incluiu “Quem tem medo de Virgínia Wolf?”.

Um ex-pastor e uma desenhadora à beira do precipício. Duas solidões que se tornam almas gémeas dentro do universo céptico e pessimista de Tennessee Williams.

Um ex-pastor religioso, que agora trabalha como guia turístico, está doente a todos os níveis: afundado no álcool, com maleitas físicas e mentais, procura expiar os seus pecados, com vista à purificação que lhe permita voltar ao púlpito. Refugiado num motel de quinta categoria, conhece uma desenhadora, tão perturbada quanto ele, com quem vai partilhar experiências e confidências. Mas, à medida que se conhecem e que partilham as suas mágoas, os dois lançam-se num profundo desespero, com histórias cheias de contradições que levam o espectador a aprofundar as razões e motivações da mente humana.

Este espectáculo faz regressar aos palcos do Porto a actriz Estrela Novais, cidade que a viu nascer para o teatro e onde, para além da sua carreira de actriz, ficou ligada ao aparecimento da companhia Seiva Trupe e, mais tarde, do FITEI.

A Noite da Iguana conta também com interpretações de António Capelo, Sandra Salomé, José Pinto, Romi Soares, Carlos Peixoto, Hélio Sequeira, Nídia Fonseca Pedro Damião e Silvano Marques. A encenação é de João Paulo Costa.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

França condecora Ricardo Pais com a comenda de Cavaleiro das Artes e das Letras


O Ministério da Cultura francês vai condecorar o encenador Ricardo Pais, director do Teatro Nacional de S. João (TNSJ), com a comenda de Chevalier des Arts et des Lettres (Cavaleiro das Artes e das Letras), anunciou hoje, no Porto, fonte diplomática.

A condecoração será entregue dia 15, às 23:00, no Salão Nobre do TNSJ, a seguir à apresentação do espectáculo "Turismo Infinito", de António M. Feijó, com encenação do próprio Ricardo Pais.

"Com esta condecoração, a França quis recompensar um dos mais criativos encenadores europeus, cujas obras nos campos do teatro e do espectáculo musical (...) têm sido aplaudidas pelo público francês e saudadas pela crítica", afirmou a mesma fonte.

A comenda distingue também "o artista e o intelectual que tem contribuído para a construção de um espaço cultural europeu, empenhando-se na constituição e actividades da União dos Teatros da Europa, e na criação de relações fortes de cooperação com várias companhias de teatro francesas, tais como a Compagnie Jerôme Deschamps ou a Comédie de Reims".

Fonte: Lusa

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Cartaz do 30º FITEI recebe Prémio Nacional de Design


Os designers Pedro Mesquita e Pedro Serrão, do atelier This is Pacifica, foram galardoados no passado dia 30 de Novembro, com o Prémio para melhor cartaz 2007 com a imagem gráfica desenvolvida para o 30º FITEI, prémio atribuído no âmbito da 10ª edição do Prémio Design Briefing.

Para além do Prémio, a This is Pacifica foi distinguida com uma Menção Honrosa com o projecto global «Suicídio Encomendado» para a FBF Filmes.

Na lista dos mais premiados este ano, encontram-se a DNA e Mola, que consagraram-se como as grandes vencedoras da edição deste ano e a Musa Work Lab, que conquistou dois prémios. Com um prémio conquistado, encontram-se a Brandia Central, a Silva Designers, a Pop Concept, Valdemar Lamego, a Wiz, a Ogilvy Design, a 004 Actividades Culturais, e a JWT. No total, esta edição entregou dois Grandes Prémios, 16 prémios de categoria, e quatro menções honrosas. (ver quadro). Doze foi o número de empresas premiadas. Na edição de 2006, recorde-se, os prémios maiores do concurso - Atelier do Ano e Grande Prémio - ficaram ambas nas mãos da Brandia Central.

No ano em que celebra a realização da sua décima edição, o Prémio Design Briefing registou um total de 271 trabalhos em concurso, inscritos por 63 participantes, e distribuídos por 18 competições. Das 271 inscrições iniciais, chegaram à shortlist 79 trabalhos.

O processo de votação e eleição dos melhores do ano, coube ao júri composto por Miguel Osório, director de marketing do Modelo, Paulo Lima, designer gráfico da MusaWorkLab, Nuno Frazão, director-geral da View, Pedro Gonzalez, director-geral executivo da DNA Y&R Brands e Rui Morais, director criativo da Mola Ativism. Este ano, o Prémio Design Briefing contou com o patrocínio do Modelo.

Lista de Vencedores 10ª edição do Prémio Design Briefing
http://www.jornalbriefing.iol.pt/flash/Vencedores07.pdf

Atelier This is Pacifica
http://www.thisispacifica.com/

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

domingo, 2 de dezembro de 2007

Manuel Guede Oliva volta a dirigir em Braga

Manuel Guede Oliva volta a encenar na Companhia de Teatro de Braga. Desta vez é o texto de Dusan Kovacevic “O Profissional”, em cena até 5 de Dezembro, no Theatro Circo, em Braga, com interpretação de Carlos Feio, Jaime Soares, Rui Madeira e Teresa Chaves.

"Um texto, quase diríamos, autobiográfico, de um dramaturgo e guionista, (são dele alguns guiões de filmes de Kusturica), praticamente desconhecido entre nós. Um policial negro e político, inscrito nos anos de tragédia balcânica. Profunda e dramática história de vidas, num contexto de advento de democracia, onde os traumas de uma sociedade e de um regime estiolam por dentro de cada um e o que chega à superfície, ao quotidiano, (só aparentemente estranha e sem nexo) são estilhaços que há muito perderam a possibilidade de se reagrupar e formar um todo coerente. É exactamente nesta ideia de sequências desgarradas, construídas com ritmos e música de palavras, com olhares, risos e também traições, escutas, prisões, violações e abusos, que se mostra um mosaico que integra hoje esta Europa. Coisas que nos estão, afinal, ainda próximas, mas já aparentemente distantes. Como se a Vida fosse algo construído com um princípio, meio e Fim. Um jornalista, jovem estudante contestatário, hoje editor; um escritor à “procura” do editor e que, contas feitas e discussões havidas, quer afinal editar o resultado de anos e anos de pesquisa conduzida, enquanto polícia secreto (agora sem emprego) sobre esse tal editor. A vida passada a pente fino antes e depois da queda do regime. A democracia não garante a intimidade e a vida privada".
- Rui Madeira

"Somos moitos os que compartimos, co poeta Humberto Saba, a certeza de que o humor é a máis alta forma da cortesía.
Desde esa convicción, con esa arquitectura, “O profesional” de Dusan Kovacevic é un texto atravesado pola civilidade, por esa delgadísima liña na que o ser humano foi aprendendo a construírse no respeto ao outro, nos valores do diálogo, na asunción da alteridade. E isto, proclamado desde o corazón de Belgrado, nas paisaxes desoladas da vella Iugoslavia destruída é unha lección moral de radical magnitude.
En “O profesional” comparece a cómica tristeza dos que un día se quedaron sen patria, ¿ou sería conveniente invertir esta orde e precisar que é máis ben a comedia triste daqueles aos que a Historia lles roubou a súa historia persoal? Sexa como for, o que Kovasevic non está disposto a negociar é a risa, a ironía, o sarcasmo, os espellos grotescos que retratan a fin dun século XX que se pecha en Europa exactamente igual que se inaugurou, como unha terrible maldición: sangrando polas cicatrices dos Balcáns.
Pero Kovasevic, lúcido notario deste tempo, militante dun escepticismo luminoso, sabe ben que por riba de todo o que ningunha sociedade debe de perder nunca é a súa capacidade para rir. Porque, finalmente, a risa é a arma máis poderosa contra a iniquidade, a vileza, a ignominia; é o fracaso da represión.
Por iso “O Profesional” é, sobre todas as cousas, unha risotada triste, unha gargallada áspera na beira do abismo contra a crueldade de certos destinos. ¿Acaso os nosos…?"
- Manuel Guede Oliva


Manuel Guede Oliva, nascido na Venezuela mas há muito radicado na Galiza, onde foi director do Centro Dramático Galego, já tinha dirigido na companhia de Braga “Algumas Polaróides Explícitas” de Mark Ravenhill.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Teatro Ibérico em Évora


Inicia-se na próxima Segunda-feira, em Évora, o V Encontro de Teatro Ibérico, realizado numa parceria entre o Cendrev e o Institut Internacional del Teatro del Mediterrâneo de Madrid. Até 9 de Dezembro irão passar pelo palco do Teatro Garcia de Resende várias companhias portuguesas e espanholas.

“Queres fazer amor comigo” de 100 Ilusões, Produções Culturais é o espectáculo de abertura do Encontro, no dia 3 de Dezembro, às 21h30.

O espectáculo pretende falar do desenvolvimento pessoal, da mulher, através das relações íntimas e lançar o debate e reflexão sobre questões que normalmente não saem das conversas privadas. As nove personagens, todas mulheres e com as mais variadas profissões, para além de confessarem o inconfessável, interrogam-se sobre o significado da frase: fazer amor. Em que contexto é que ter relações sexuais é ou não fazer amor? A que nos referimos nós quando dizemos que fazemos amor? Nove mulheres nove respostas…

“Queres fazer amor comigo” conta com encenação de Henrique Félix, Direcção Musical de António Neves e Interpretação de Ana Videira, Cátia Ribeiro, Jenny Romero, Rita Frazão e Sílvia Balancho.

Mas há outros espectáculos na mostra do V Encontro de Teatro Ibérico: "30º de Frio", peça trazida de Madrid pelo colectivo Teatro del Astillero, "Imagina que descalcei o sapato e agora não o consigo enfiar", de Teresa Rita Lopes, "Aniñando", concebido pela jovem encenadora Sofia Cabrita, "El Incorruptible", "Cabaré de Ofélia", "Love Clint Eastwood" e "Além as Estrelas são a nossa Casa", de Abel Neves.

O Encontro de 2007 encerra com um espectáculo "A Cotovia", concebido por João Brites a partir do "Auto da Feiticeira Cotovia", de Natália Correia.

Uma componente fundamental dos Encontros de Teatro Ibérico consiste em reunir em Évora vários convidados de Espanha e de Portugal para debater em conjunto questões de pertinência comum no contexto da criação e difusão teatral de ambos os países, o que acontecerá este ano nos dias 8 e 9 de Dezembro no Salão Nobre do Teatro Garcia de Resende.