quinta-feira, 31 de julho de 2008

Peça de Sarah Kane em Madrid


A Companhia Colmena Arteteatro desenvolveu em Fedra uma montagem próxima do teatro corporal e da dança. A versão eleita pela companhia – entre a de Eurípides, Séneca ou Racine - é a realizada por Sarah Kane (1971-1999), dramaturga britânica contemporânea, cujo final, por inesperado e trágico, a lançou no estrelato internacional das artes cénicas convertida em mito como se falássemos de uma estrela de rock.

Phaedra’s Love foi estreada no Gate Theatre, Londres em 15 de Maio de 1996 com encenação da própria Sarah Kane.

Em El amor de Fedra, a protagonista tem um amor incontrolável e proibitivo pelo filho do seu marido, o enteado Hipólito. Por seu lado, Hipólito – o verdadeiro protagonista da tragédia - é caracterizado como um príncipe folgazão, chato, narcisista e perverso. Fedra, nesta versão, após oferecer-se abertamente a seu enteado e de ser violentamente repudiada, suicida-se acusando Hipólito de a ter violado como vingança. Evidentemente, Hipólito não é culpado, porém, cansado do tédio de uma vida sem significado, o feito de ser um violador, pensa, fará transcender a sua miserável existência. Nunca revelará a verdade, por mais nefastas que sejam as consequências desta falsa acusação. Uma obra que nos fala com pessimismo da solidão do individuo perante a polis moderna e às inúmeras formas que, paradoxalmente, toma a violência quotidiana, incluindo o sexo, como nexo de união dentro da sociedade. Colmena Arteteatro aproveita a crueza e frieza do texto para vesti-lo com o jogo corporal dos seus intérpretes numa inquietante aproximação à história do teatro, desde o mito clássico, o coro e a dança tribal, até ao monólogo contemporâneo mais descarnado.

Em cena no Réplika, Madrid.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Maria, Mulher, Mãe, Pátria e 180 milhões de filhos


Estreado em Outubro, no CCSP – Centro Cultural São Paulo, o espetáculo “Amada, mais conhecida como mulher e também chamada de Maria”, está agora no Teatro João Caetano, São Paulo, até 3 de Agosto.

Com dramaturgia e direcção de Evill Rebouças, encenador premiado pelo APCA duas vezes, “Amada...” é o décimo espetáculo da Companhia Artehúmus, que em 2007 comemorou vinte anos de actividade em 2007.

Narrativa de uma mulher que teve cento e oitenta milhões de filhos. Dona de várias faces, ora ela é Maria, uma mulher comum que sente prazer/desprazer na hora do ato sexual e da fecundação de seus filhos; ora ela é Amada, uma pátria-mãe que se prostitui facilmente quando se depara com recursos oferecidos por estrangeiros para amenizar as desgraças de seus filhos.

Em 2002, participamos do Festival Internacional do Porto (Portugal) com o espetáculo Campo de Trigo. Em terras lusitanas, adquiri dois livros que discutiam questões relacionadas ao teatro pós–Brecht ou dito pós-dramático: O futuro do drama, de Jean-Pierre Sarrazac e Postdramatisches theater, de Hans-Thies Lehmann – autor que alcunhou o termo em questão. Partindo de algumas questões apontadas por esses dois ensaístas, passamos a investigar expedientes que pudessem ampliar o discurso textual e cénico de “Amada, mais conhecida como mulher e também chamada de Maria”. Na peça procuramos evidenciar a pluralidade de faces da figura central da narrativa. Nesse sentido, a Pátria Amada é mostrada a partir da intervenção de todos os actores. No entanto, não se trata da reprodução do sistema coringa dos anos setenta, mas, essencialmente, imprimir a visão de mundo do actor em cada trecho da peça por meio da forma como ele criou a cena. No processo de criação de “Amada…”, optamos por investigar a atitude do actor diante de cada situação da ficção. Porém, não se trata de trazer à cena estranhamentos que definam o que é ficção e depoimento; ao contrário, o desafio é mesclar essas duas potencialidades sem distingui-las. Em outras palavras: embora os actores tenham delineado figuras ficcionais, durante todo o espetáculo há um entrelaçamento entre a ficção e o depoimento do intérprete diante do assunto”. EVILL REBOUÇAS

FICHA TÉCNICA
AMADA, MAIS CONHECIDA COMO MULHER E TAMBÉM CHAMADA DE MARIA.
Dramaturgia: Evill Rebouças
Actores Compositores da Cena: Daniel Ortega/Edu Silva /Leonardo Mussi /Roberta Ninin /Solange Moreno

Figurinos e Adereços Cênicos As Mariposas: Maria Zuquim e Juliana Napolitano
Criação de Luz e de Equipamentos Edu Silva
Montagem de Luz Edu Silva e Nilson Castor
Operador de luz Nilson Castor
Fotos Alícia Peres
Assessoria de Imprensa Canal Aberto
Estágio em Direção Queila Rodrigues
Consultoria Artística Marcio Aurelio
Encenação Evill Rebouças
Produção Executiva Ila Girotto (São Jorge Produções Artísticas)
Realização Cia. Artehúmus de Teatro



terça-feira, 29 de julho de 2008

CITEMOR 2008 em Montemor-o-Velho


Iniciado no passado dia 25 e a decorrer até 16 de Agosto, o CITEMOR apresenta em Montemor-o-Velho 8 espectáculos, destacando-se Angélica Liddell em estreia nacional, que abriu o festival e Babel, co-produção ARTISTAS UNIDOS / DET ÅPNE TEATER, resultante de uma residência de criação.

Da programação fazem parte ainda LENGUA BLANCA, DAVID MARQUES, CARLOS FERNANDEZ, MIGUEL PEREIRA, MALA VOADORA, ROCKY MARSIANO e ainda um ciclo de cinema ao ar livre, programado por Francisco Camacho que inclui EUROPA de Lars Von Trier, A NOSSA MÚSICA de Jean-Luc Godard e O TEMPO DO LOBO de Michael Haneke.

O festival encerra às 24 horas do dia 16 de Agosto com DJ RIDE.


segunda-feira, 28 de julho de 2008

O Público de Garcia Lorca


O espetáculo O Público do XPTO, com direcção geral de Osvaldo Gabrieli e direcção musical de Beto Firmino, está em cena no Teatro Coletivo Fábrica São Paulo, de 12 de Julho a 28 de Setembro de 2008.

O Público, peça de Garcia Lorca pouco encenada no Brasil, integra a celebração dos 110 anos de nascimento do poeta espanhol.

O grupo de teatro XPTO é criado no ano de 1984, pelo artista plástico argentino Oswaldo Gabrielli e pelo músico e compositor brasileiro Roberto Firmino e ainda por Natália Barros e André Gordon. Já em 2007 o grupo tinha abordado os textos de Garcia Lorca, com a montagem de Lorca - Aleluia erótica em 38 quadros e um assassinato.

Considerado o principal expoente da fase surrealista do poeta, o espetáculo O Público reproduz uma montagem de Romeu e Julieta, onde o encenador da peça (interpretado por Osvaldo Gabrieli), em crise, resolve substituir a actriz que faz Julieta por um jovem actor (vivido por Bruno Caetano). O público descobre o truque e assassina os intérpretes, inclusive a verdadeira Julieta que estava amordaçada de baixo das poltronas - a cena não é mostrada de forma explícita. O assassinato é discutido por outros personagens a partir de diferentes versões e suposições do que realmente aconteceu. O crime desencadeia uma revolução que põe em evidência questionamentos sobre o próprio fazer teatral.

O Público tem como tema central o amor que vai além dos géneros masculino e feminino, o amor que não se define como uma classificação do desejo, mas apenas como desejo.

Ficha Técnica
Texto: Federico Garcia Lorca
Tradução: Beto Firmino e Osvaldo Gabrieli
Participação na edição final da tradução: Mariano Mattos Martins e Rodolfo Dias Paes (Dipa)
Núcleo de Criação: Beto Firmino, Mariano Mattos Martins, Osvaldo Gabrieli e Rodolfo Dias Paes (Dipa)
Direção, direção de arte e iluminação: Osvaldo Gabrieli
Direção musical e músicas compostas Roberto Firmino
Preparação corporal: Simone Mello
Elenco: Alex Bartelli, André Bubman, Bruno Caetano, Felipe Vasconcellos, Marcelo Callegaro, Mariano Mattos, Osvaldo Gabrieli, Rafael D´avila, Roberto Firmino e Tomaz Auricchio.

domingo, 27 de julho de 2008

El Montacargas apresenta produção argentina


“GENOVEVA” de E.Gilio e M.Vélez, pelo TEATRO DE ACCIÓN (Argentina) está em cena em Madrid. Dramaturgia, espaço cénico, montagem e encenação de Eduardo Gilio, conta com a interpretação da actriz Verónica Vélez.

É um espectáculo solo, baseado numa história real. Estreado no Odin Teatret da Dinamarca, apresentou-se já em diversas cidades europeias. Muito bem acolhida pela crítica internacional, a obra é baseada numa história real recolhida por Eduardo Gilio em crónicas do século XIX.

Desde 17 de Julho até 31 de Julho, na sala EL MONTACARGAS, Madrid

sábado, 26 de julho de 2008

A Forma das Coisas


Depois da temporada no Espaço SESC, o espetáculo A Forma das Coisas, texto inédito de Neil Labute faz uma nova temporada no Rio de Janeiro (até 24 de Agosto de 2008)

O dramaturgo americano Neil Labute lança um olhar crítico sobre aspectos do mundo actual, como individualismo e poder.

A Forma das Coisas, é a história arrojada de Evelyn e do tímido Adam, que perde seu jeito particular de ser, por influência da namorada. No dia do exame de mestrado de Evelyn, Adam é surpreendido por uma revelação desagradável.

Ficha Técnica
Texto: Neil Labute
Tradução: Marcos Ribas de Faria
Direção e adaptação. Guilherme Leme
Co-direção: Pedro Neschling
Elenco: André Cursino, Carol Portes, Karla Dalvi e Pedro Osorio
Fotos: Paula Kossatz
Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos

Local: Casa da Gávea - Rio de Janeiro

quinta-feira, 24 de julho de 2008

FIAR apresenta Show Your Face!


Os segredos da alma e da matéria são contados nesta peça da companhia eslovena Betontanc & Umka.Lv, que invade a esplanada do castelo de Palmela no dia 26 de Julho. Espectáculo inserido no Festival Internacional de Artes de Rua - FIAR, em Palmela.

Da filosofia do FIAR destacam-se dois conceitos – Matrizes e Itinerários – que, ano após ano, vão sendo reforçados. Em torno do primeiro, procura-se juntar espectáculos e iniciativas que melhor definam a singularidade do festival – registos da memória, linhas de pesquisa no teatro e na performance contemporâneos, tradições renovadas, criações locais. Com os Itinerários reinventa-se, através das palavras, dos corpos e dos gestos de actores, bailarinos, músicos e cantores, o espaço envolvente que acolhe o festival.

Show Your Face! será apresentado no dia 26 de Julho. Freudianos de um lado e físicos nucleares do outro tratam de desvendar os últimos segredos da alma e da matéria. Está à vista que é muito fácil destruir um corpo, mas o mesmo não se passa com a alma. Ou será que também a História esconde métodos para destruir almas? A resposta, promete a companhia, não vai ser "acerca de dar palmadinhas nas costas a alguém". Pelo contrário, o "espectáculo será o juízo final para todos nós, porque nos permitimos esquecer".

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Editado o dvd de "Vai no Batalha"


O Teatro de Marionetas do Porto continua, durante todo o ano de 2008, a comemorar os 20 anos de actividade com uma ampla retrospectiva que inclui 16 das 31 produções da companhia. Sendo a maioria das reposições na cidade do Porto, há também lugar a uma série de espectáculos no estrangeiro, de que são exemplos recentes Banialuka, na Polónia, Santiago de Compostela e Zaragoza, em Espanha.


Integrado nas comemorações, foi editado mais um dvd da companhia, desta vez com o sucesso de 1993 "Vai no Batalha".

" Vai no Batalha!, expressão típica do linguajar portuense, é mote para esta criação teatral, cuja estrutura se baseia na revista à portuguesa.Em termos de estrutura dramaturgia, a revista é uma espécie de saco onde tudo se pode meter. Sobretudo ideias. E pena é que, actualmente, proliferem na revista sobretudo ideias vazias. E assim se vai perdendo o sentido da revista que, na origem, se destinava a passar “em revista”, com um forte sentido crítico e muito humor, os principais acontecimentos que marcavam a vida do país durante um ano.Este espectáculo foi criado “à volta da mesa” por todos os elementos da companhia, ao longo de várias sessões delirantes. Nesse grande saco fomos metendo as nossas ideias, os nossos gozos, os nossos devaneios e loucuras e também os nossos sentimentos. Por vezes de raiva, em relação a coisas de que não gostamos; por vezes de amor, seja pela Ti Ana do Bolhão, pelo rio Douro, pela cidade à noite ou pelos cafés do Porto que vão desaparecendo.Continuamos a achar que vale a pena andar por aqui, remando contra ventos e marés, e viver a vida intensamente no espírito dessa belíssima expressão. Porque a chatice e a solidão e a tristeza, meus amigos, “Vai no batalha!”... e ao menos o teatro que nos valha!"


Vai no Batalha teve encenação João Paulo Seara Cardoso a partir de textos de José Topa com colaboração de João Paulo Seara Cardoso, Luís Miguel Duarte e Mário Moutinho. Rosa Ramos assinou a cenografia e as marionetas e a música original é da autoria de João Loio tocada ao vivo pelo maestro Raúl Santos Silva. A interpretação das dezenas de figuras esteva a cargo de Carlos Magalhães, João Paulo Seara Cardoso, Maria João Castro, Mário Moutinho, Rui Oliveira e Igor Gandra.
Um dos momentos de maior sucesso pode ser espreitado em
e em


O dvd tem a peça integral e alguns extras - ensaios, bastidores, etc. pode ser solicitado directamente para a companhia:

Rua de Belomonte, 57, 4050-097 Porto
Tel. 22 208 33 41, Fax. 22 208 32 43
e-mail: teatro@marionetasdoporto.pt


Para ver ao vivo outros trabalhos da companhia até ao fim do ano:

12 a 21 de Setembro
Macbeth
Teatro Carlos Alberto, Porto

24 a 28 de Setembro
Nada ou o Silêncio de Beckett
Teatro Carlos Alberto, Porto

1 a 5 de Outubro
Os Encantos de Medeia
Teatro Carlos Alberto, Porto

9 a 19 de Outubro
Cabaret Molotov
Mosteiro S. Bento da Vitória, Porto

11 e 12 de Outubro
Dom Roberto
Alcobaça

24 de Outubro a 2 de Novembro
Boca de Cena
Mosteiro S. Bento da Vitória, Porto

8 de Novembro
Cabaret Molotov
Centro Cultural do Cartaxo

15 de Novembro
Cabaret Molotov
Cine-Teatro do Sobral de Monte Agraço

18 a 23 de Novembro
Joanica Puff
Teatro de Belomonte, Porto

21 de Novembro
Miséria
Teatro Sá de Miranda, Viana do Castelo

22 de Novembro
Cabaret Molotov
Cinema-Teatro Joaquim d'Almeida, Montijo

29 de Novembro
Cabaret Molotov
Cine-Teatro S. Pedro, Alcanena

3 a 7 de Dezembro
Joanica Puff
Centro Cultural de Belém, Lisboa

8 e 9 de Dezembro
Polegarzinho
Centro Cultural de Belém, Lisboa

12 e 13 de Dezembro
Como um Carrossel à Volta do Sol
Centro Cultural de Belém, Lisboa

20 de Dezembro
Cabaret Molotov
Auditório Municipal Augusto Cabrita, Barreiro


sábado, 19 de julho de 2008

Mostra de teatro em Ribadavia

A partir de hoje e atá 26 de Julho a Galiza tem mais uma mostra de teatro: a 24ª Mostra Internacional de Ribadavia.
A MIT aposta numa programação de autores vivos e de espectáculos actuais, equilibrando os grandes nomes com os menos conhecidos, o teatro convencional com o mais transgressor.

Durante mais de uma semana, Ribadavia é um grande palco: as ruas, as igrejas, a alameda, as praças e o castelo transformam-se em espaços cénicos.

Todos os anos, o público e o júri da MIT concedem prémios aos mellores espectáculos.

Desde 1984, a MIT pretende fortalecer o movimento teatral, abri-lo a novos públicos e fomentar o destaque de Ribadavia como espaço solidário e de intercâmbio cultural e turístico.

A programação da 24ª Mostra Internacional de Ribadavia inclui, entre outros:
Fafá Sienta la cabeza Sábado 19, 20:00 Praza Maior
Camut Band La vida es ritmo Sábado 19, 23:00
Zahir Circo Einstein el atómico y el relativo Domingo 20, 20:00 Praza Maior
Os Containers Sen tren Domingo 20, 21:00
Centro Dramático Galego Estigma Domingo 20, 23:00
Nut Teatro 4.48 Psicose Segunda 21, 21:00
Uróc Teatro http://www.mitribadavia.com/companhia/8/uroc-teatro/adosads Segunda 21, 23:00
Familie Flöz Hotel Paradiso Terça 22, 23:00
Civi Civiac Feria de los imposibles Quarta 23, 18:00 Parque da Alameda
Teatro Meridional La verdadera historia de los Hermanos Marx Quarta 23, 23:00
Circolando Charanga Quarta 23, 00:30 Praza Maior
Teatro de Ningures Bailadela da morte ditosa Quinta 24, 23:00
Marco González Cuentos del sur Quinta 24, 01:00 Praza Maior
Centro Coreográfico Galego Kiosko das almas perdidas Sexta 25, 23:00
K de Calle Kaña Sexta 25, 01:00 Praza Maior
Lagarta Lagarta Aeroplanos Sábado 26, 23:00
Organik Malditas Sábado 26, 00:30 Parque da Alameda
Teatro en el Aire La piel del agua Quarta 23, 20:00 Quinta 24, 20:00 Sexta 25, 20:00

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Festa no Maria Matos


A FESTA é a primeira criação resultante do projecto Estúdios. Este espectáculo tem origem em três workshops dirigidos pelo realizador português João Canijo, pelos directores artísticos da companhia norte-americana Nature Theatre of Oklahoma, Pavol Liska e Kelly Copper, e pelo coreógrafo congolês Faustin Linyekula. Ao longo destes workshops, a equipa artística deste espectáculo explorou diversos processos de trabalho e desenvolveu vários fragmentos de uma obra teatral dedicada ao tema da “festa”. De seguida, autores e actores fundiram as suas experiências anteriores, encontrando a sua própria forma de criarem um espectáculo sobre este tema, que é um convite não só à invenção, mas também à celebração.

Baptizados, casamentos, aniversários e até funerais. Festas de Natal, de Ano Novo e feriados populares. Festas de empresa, festas de escola, celebrações de vitórias desportivas, bélicas, eleitorais, etc. As festas são também momentos performativos, onde se repetem gestos, rituais, assumindo-se personagens. Nas festas, podemos observar a natureza humana na sua faceta mais teatral.

A FESTA é também uma noção essencial na História do Teatro. Foi em festas, tanto nos palácios das cortes como nas celebrações populares, que nasceram muitas das obras mais marcantes da dramaturgia universal. A pergunta que queremos lançar é: que festa podemos hoje fazer num teatro? Que pode o teatro celebrar? Pode o teatro, ele próprio, ser ainda uma festa?

Criação colectiva
texto Filipe Homem Fonseca, Nelson Guerreiro e Tiago Rodrigues
interpretação Cátia Pinheiro, Cláudia Gaiolas, Joaquim Horta, Marcello Urgeghe, Rita Blanco, Tiago Rodrigues e Tónan Quito
cenário e desenho de luz Thomas Walgrave
produção e fotografia Magda Bizarro
assistente de produção Moirika Reker
produção Mundo Perfeito e Teatro Maria Matos
em co-produção com Festival de Almada 2008, Alkantara Festival, CAPa e Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.

Até 27 de Julho, no Teatro Maria Matos, Lisboa.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Tchékhov de novo no TNSJ

Estreia a 17 de Julho e mantem-se em cena até 7 de Agosto a nova produção do Teatro Nacional S. João, Platonov de Anton Tchéchov, numa encenação de Nuno Cardoso.


Demasiado longa, demasiado violenta, demasiado imperfeita. Platónov conviveu sempre de perto com o excesso e o falhanço. Peça inaugural de Anton Tchékhov, escrita com a urgência de tudo dizer e tudo questionar, sucessivamente trabalhada e sucessivamente rejeitada, acabaria por ser resgatada da sombra ao longo do séc. XX. Isto porque talvez se possa dizer de Platónov, a obra, aquilo que alguém diz nela de Platónov, a personagem: “É o exemplo acabado da moderna indefinição”. Retrato em fuga de um grupo de trintões e quarentões desiludidos com uma sociedade que frustrou os sonhos da sua juventude? Celebração vital dos prazeres da culpa e da contradição? Ouçamos o nosso herói, num acesso de ironia e lucidez: “Ser jovem e ao mesmo tempo não ser idealista. Que depravação!”. Nuno Cardoso propõe-nos uma leitura possível de um conflito irresolúvel (foi também esse um dos propósitos que o conduziram a Woyzeck, outro clássico mutilado), acrescentando à sua já extensa galeria de beautiful losers o corpo vacilante de um professor de província, um Hamlet com testosterona a mais, que assiste embriagado ao desconcerto do mundo…


Platónov


de >> Anton Tchékhov
tradução >> António Pescada

encenação >> Nuno Cardoso
cenografia >> F. Ribeiro
figurinos >> Storytailors
desenho de luz >> José Álvaro Correia
movimento >> Marta Silva

assistência de encenação >> Victor Hugo Pontes
preparação vocal e elocução >> João Henriques
interpretação >> António Fonseca, Daniel Pinto, Fernando Moreira, Hugo Torres, João Castro, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Lígia Roque, Luís Araújo, Marta Gorgulho, Micaela Cardoso, Paulo Freixinho, Pedro Almendra, Pedro Frias, Sandra Salomé, Sérgio Praia



sábado, 12 de julho de 2008

Éxodos de Cal y Canto


Cal y Canto Teatro estreia a sua nova montagem de rua “Éxodos”, que terá lugar no próximo domingo 13 de Julho, pelas 20:00 horas, integrada no Festival Internacional de Teatro de Calle de Lekeitio 2008.

A companhia, que esteve recentemente na Holanda, tem já definido um calendário de próximas actuações para esta temporada de verão, onde se incluem diversos festivais e feiras por toda a Espanha.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Espectáculos MUGATXOAN 2008


Espectáculos MUGATXOAN 2008 no AUDITÓRIO MUSEU SERRALVES


Mugatxoan '08 apresenta-se como um projecto em trânsito –o acto de ir de um espaço a outro -, e como o lugar e o tempo em que isto sucede.

O programa divide-se em três blocos principais: Oficinas, Residências/Produções e Apresentações. As actividades programadas são dirigidas à produção de conteúdos práticos e teóricos, a serem articuladas entre os diferentes participantes activos (a produzir e a reflectir).

A iniciativa decorre entre 9 e Junho a 20 de Julho no Arteleku, Donostia, e na Fundação de Serralves, Porto - entidades que têm sido parceiras e produtoras associadas do projecto desde 2001. Este ano junta-se-lhes um novo centro, La Laboral Escena de Gijón, que acolherá as produções em residência durante o mês de Setembro.

Entre 9 de Junho e 20 de Julho, o Arteleku e a Fundação de Serralves vão apresentar as seguintes peças: The breast piece (Praticable), de Alice Chauchat; Ohne Worte, Extracto (Praticable), de Isabelle Schad; Performance, de Éric Duyckaerts; A long way back, de Sandra Cuesta; Shichimi Togarashi, de Juan Domínguez/ Amalia Fernández; Sono qui per l’amore, de Massimo Furlan e O decisivo na política…de Jorge Andrade.

O programa inclui igualmente as Oficinas orientadas por Alice Chauchat, Eric Duyckaerts, Juan Domínguez, Massimo Furlan e Claire de Ribaupierre, em que participarão os dez artistas seleccionados mediante uma convocatória internacional. Um primeiro período da residência será ainda destinado à produção dos projectos de Marta Bernardes (Porto), Amaya González-Reyes (Pontevedra) e Filipa Guimarães (Porto), participantes da residência Mugatxoan na última edição.

Mugatxoan 2008 propõe um programa com vários exemplos representativos das artes contemporâneas (dança, artes visuais, teatro, performance) e integra a investigação e a produção de novas obras.

10 de Julho, às 22h00
O DECISIVO NA POLÍTICA NÃO É O PENSAMENTO INDIVIDUAL, MAS SIM A ARTE DE PENSAR A CABEÇA DOS OUTROS
Jorge Andrade

Neste projecto pretendem explorar-se, por um lado, o “espectáculo” como puro entertainment, tal como é entendido no âmbito de muitas das práticas performativas e audio-visuais dirigidas às massas, e, por outro lado, o “espectáculo” como recurso de persuasão, tal como é entendido no âmbito da performance política. Entre o verdadeiro e o falso, ideologia e publicidade, emoção e verosimilhança, líderes políticos e personagens fictícias da cultura popular (eventualmente mais persuasivas do que os políticos), entre a representação in situ e o multimédia, o espectáculo visa ilustrar a ideia de que, citando Brecht, “o decisivo na política não é o pensamento individual, mas sim a arte de pensar a cabeça dos outros”.

Direcção: Jorge Andrade
Selecção de textos: Jorge Andrade e Pedro Gil
Vídeo: Itziar Zorita Agirre
Interpretação: Jorge Andrade (em cena); Jorge Andrade e Pedro Gil (em vídeo)
Cenografia: José Capela
Luz: João d’Almeida
Som: Isabel Novais e Hugo Franco
Assistência: John Romão



No dia 13 de Julho, 22h00
SONO QUI PER L'AMORE
Massimo Furlan.

Começar a partir de um relato arcaico, de uma estrutura elementar, a de um conto de fadas, que constitui uma verdadeira fábrica de relatos e de acções. Voltar a uma história que é essencial, quer pelo seu conteúdo quer pelo território que desenha e, melhor ainda, pelo vínculo que cria entre a criança que escuta e a mãe ou o pai que contam. Partir de essa intimidade.Atravessar a violência destas histórias, afrontar os sentimentos desagradáveis que surgem de frases, página a página, e que falam da vida como uma iniciação: suportar as provas dolorosas da separação, do abandono, da perda e da morte.As imagens sucedem-se, quase sem palavras, quase sem acção, enigmáticas, entrelaçando-se com a lógica dos sonhos. Surgem do negro, capturam o olhar, impõem o seu tempo. (...)


(...) O conto impõe um poder fantástico de inversão e alteração da situação: o que estava na sombra ilumina-se, o que estava morto reanima-se, o pequeno vence o grande, as crianças derrubam os seus medos, fazem-se grandes e superam os seus pais.
Claire de Ribaupierre


Com a participação de Louis Auberson, Céline Bottarelli, Diane Decker, Anne Delahaye, Philippe de Rham, Claire de Ribaupierre, Karine Dubois, Antoine Friderici, Lena Furlan, Lisa Furlan, Massimo Furlan, Sun-Hye Hur, Hervé Jabveneau,Julie Monot, Marie-Jane Otth, Stéphane Vecchione

Co-produção: Arsenic, La Bâtie-Festival de GenèveApoios: Loterie romande, Etat de Vaud, Ville de Lausanne, Pro Helvetia - Fondation suisse pour la culture, Banque Cantonale Vaudoise, Corodis

terça-feira, 8 de julho de 2008

Encontros na Cerca no Festival de Almada



Até ao próximo dia 18 de Julho decorre em Almada e em Lisboa a 25ª edição do Festival de Teatro de Almada.


Para além da programação do festival, estão ser realizados os "Encontros na Cerca", colóquios incluidos nos "Actos Complementares" do festival.


O primeiro destes colóquios realizou-se no passado dia 5 de Junho, subordinado ao tema "POR QUÊ OS FESTIVAIS DE TEATRO? QUAL O SEU FUTURO?" e teve a participação de José Monléon, director do IITM Instituto Internacional de Teatro do Mediterrâneo, que foi co-organizador do debate, e do Festival Madrid Sur.


"Qual será o futuro dos festivais? Até onde é que contarão com o apoio da política de mercado? Até que ponto serão condenados por não aceitar a lei da oferta e da procura? Será que o poder necessita de cidadãos lúcidos ou só de votantes? Uma vez mais, o teatro está no fio da navalha, nessa linha, desditosamente débil, que une tantas vezes a política à cultura." José Monleón lançava as questões para o debate que foi moderado por Joaquim Benite, director do festival de Almada e que teve a participação de Mário Moutinho (FITEI), José Luis Ferreira (PO.NTI), Mark Depuutter (Alkantara), Abdelkader Gonegai (Festival de Casablanca), Francisco Suárez (Festival de Mérida) e Miguel Murillo (Festival de Badajoz).

O próximo "Encontro na Cerca" será o colóquio internacional "CORPOS EM PALCO E PRÁTICAS CÉNICAS", organizado em colaboração com a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, que contará com os participantes estrangeiros: Aglika Stefanova (Bulgária); Ian Herbert (Inglaterra); Ivan Medenica (Sérvia); Jean-Pierre Han (França); Manabu Noda (Japão); Mark Brown (Escócia); Miloš Mistrík (Eslováquia); Zeynep Oral (Turquia); José Gabriel Antuñano (Espanha) e osparticipantes portugueses: Ana Pais; Christine Zurbach; Constança Carvalho Homem; Daniel Tércio; João Carneiro; Maria Helena Serôdio; Maria José Fazenda; Paulo Eduardo Carvalho; Rita Martins; Rui Pina Coelho; Sebastiana Fadda.


"Após um século durante o qual se sucederam os mais diversos modelos de representação e os mais distintos entendimentos das funções expressivas reservadas ao “intérprete” – paralelamente a audaciosos cruzamentos disciplinares –, gostaríamos de trocar algumas ideias e experiências sobre o modo como as diferentes práticas cénicas contemporâneas vêm explorando as infinitas virtualidades do corpo em palco."

A programção do festival pode ser consultada em http://www.ctalmada.pt/cgi-bin/wnp_db_dynamic_browse.pl?dn=db_festivais&sn=festival_2008

segunda-feira, 7 de julho de 2008

FORMAS em Tavira


A Procur.arte organizou, entre 2 e 5 de Julho, a FORMAS - Feira de Artes Performativas, em Tavira, o que constituiu a primeira feira de artes performativas em Portugal. Segundo declarações da organização, este espaço pretende ser "um encontro anual direccionado a programadores, produtores e criativos das artes cénicas. A FORMAS pretende dinamizar o calendário cultural do país e sul da Europa, levando à cena o que se faz de novo em teatro, dança, circo, teatro de rua, música e pluridisciplinares, cá dentro e além fronteiras. Contempla a apresentação de espectáculos a um público profissional, envolvendo também o grande público, possibilitando o encontro informal entre autarquias, empresas, gestores de espaços culturais, agentes, companhias e criadores. Pretende impulsionar assim o desenvolvimento da criação artística e a dinamização de um mercado para as artes do espectáculo em Portugal."

Nesta primeira feira de artes performativas realizada em Portugal, participaram já produtores e programadores portugueses, galegos e catalães. Trata-se de um primeiro evento desta natureza e é desejável o seu crescimento e evolução. Resta saber qual será a resposta dos programadores portugueses e a capacidade das estruturas de criação a um novo desafio de mobilidade e divulgação tendo em vista possíveis digressões em Portugal e Espanha.